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Diácono é preso suspeito de estuprar namorada de 15 anos do filho no Acre

O caso foi denunciado pela mãe da adolescente junto ao Ministério Público do Acre, no município de Sena Madureira - Reprodução/Redes Sociais
O caso foi denunciado pela mãe da adolescente junto ao Ministério Público do Acre, no município de Sena Madureira Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

21/07/2022 13h58

O diácono de uma Assembleia de Deus de Sena Madureira, no interior do Acre, foi preso como suspeito de estuprar a namorada do filho, uma menina de 15 anos. Evandro Meneses foi detido na manhã de ontem e teve a prisão preventiva mantida hoje em decisão da Justiça. Ele permanecerá aguardando julgamento em uma penitenciária do estado.

O caso ocorreu no dia 10 de julho, mas a mãe da jovem só foi informada dias depois. A adolescente ficou com medo de contar o que havia acontecido à mãe, que ficou sabendo do ocorrido pela outra filha, para quem a vítima revelou ter sido atacada.

Em depoimento ao MP (Ministério Publico) do Acre, a mãe da menina contou que o diácono teria ido buscá-la em casa, como fazia sempre, para que pudesse passar o dia com o filho. A menina, porém, disse que estranhou o fato de que, naquele dia, ele não estava acompanhado da esposa.

Mesmo assim, ela entrou no carro e, durante o percurso, Meneses mudou o trajeto e dirigiu até as proximidades do Ifac (Instituto Federal do Acre), perto de uma área em obras. Ainda segundo o relato da jovem, o diácono a jogou no banco de trás do carro e praticou o estupro. Quando terminou, ele a levou de volta para casa.

A mãe declarou que a filha levou duas horas para retornar, tendo saído às 15h e retornado às 17h. Segundo transcrição do Ministério Público do Acre, ela disse que pensou que estava tudo bem, confirmando que Meneses é diácono do Ministério de Sena Madureira da igreja Assembleia de Deus.

A mulher contou ao MP que ficou sabendo do que havia acontecido somente ontem pela sua outra filha, irmã gêmea da vítima. E que imediatamente procurou a delegacia de polícia, registrando um boletim de ocorrência. A menina foi submetida a um exame de conjunção carnal.

A mulher afirmou que, após o crime, o diácono entrou em contato com a filha, por ligação telefônica, e perguntou se ela tinha contado o que acontecera à mãe, alegando que iria tentar restaurar o casamento dele. "Ele também falou que depois ia 'terminar o que tinha começado'", disse em depoimento, revelando que a filha está abalada e não quer ir mais à escola.

"Ela chorou bastante, estava com muito medo de acontecer alguma coisa com ela", declarou a mãe, dizendo acreditar que sua filha foi ameaçada para que não contasse nada sobre o que havia acontecido.

Destacada para a defesa, a Defensoria Pública do Acre afirmou, em nota, que acompanhou o acusado na audiência de custódia. "Necessário ressaltar que o processo ainda se encontra em fase de investigação. No mais, como o caso envolve uma adolescente, o processo seguirá seu rito de forma sigilosa, motivo pelo qual a defesa apenas vai se manifestar dentro do processo", declarou o defensor público Moacir Assis.

'Ruim para a imagem' da igreja

Após o caso ter vazado para a imprensa local, a mãe da adolescente afirma que recebeu áudios no WhatsApp de um presbítero da igreja, dizendo que o que ela estava fazendo "era ruim para a imagem da igreja". A mulher diz agora temer que as lideranças evangélicas da Assembleia de Deus no Acre a procurem para cobrar explicações.

Por fim, a mulher declarou que a filha terminou o relacionamento com o filho de Meneses, após contar a ele que o pai a havia estuprado, em uma troca de mensagens no WhatsApp, que foram juntadas aos autos. Ela termina a declaração dizendo que deseja que Evandro "seja preso", que tem medo que algo aconteça com a sua família e que até mesmo que "alguém da sua família tente fazer algo pior contra Evandro".

Em contato com o responsável pela Assembleia de Deus descrita como ADSenaMadureira nas redes sociais, nesta sexta-feira (22), foi esclarecido que apesar do nome pelo qual é conhecida, a igreja se denomina Ministério Missão, localizada no município de Sena Madureira (AC), e que Evandro Meneses não fazia parte de seu quadro de obreiros, mas do Ministério ADBrás Madureira (atualmente localizada na Rua Cunha Vasconcelos, na mesma cidade), diferentemente do que foi descrito nos autos do Ministério Público do Acre.

O UOL entrou em contato com os pastores Elias Quirino e Maria Valdira, à frente da Assembleia de Deus Brás Madureira, em busca de posicionamento da congregação, no entanto, os líderes da igreja afirmaram que não tinham "nada a declarar" sobre o assunto.

Diácono permanecerá preso aguardando julgamento

O promotor de Justiça do Ministério Público do Acre, Thales, Ferreira, que recebeu a denúncia, disse ao UOL que agiu assim que soube da história relatada pela mãe da menina.

"No âmbito das iniciativas e projetos desenvolvidos representamos ontem pela prisão preventiva do suposto autor. A juíza Adimaura Souza Cruz acolheu parecer ministerial e decretou a prisão do diácono da Igreja Assembleia de Deus, Ministério Madureira", declarou.

Hoje, em audiência de custódia, Adimaura decidiu manter a prisão preventiva de Meneses, para proteção das vítimas e do próprio suspeito, que será transferido para a Penitenciária Evaristo de Moraes, em Sena Madureira, onde aguardará pelo julgamento.

"Observo que persistem os motivos ensejadores da prisão. Além da garantia da ordem pública, já que o suposto crime cometido pelo custodiado gerou grande comoção na cidade, busca-se também resguardar a sua integridade física, uma vez que consta nos autos que a genitora estaria temerosa sobre o que o pai da menina poderia fazer se o custodiado permanecesse em liberdade", afirmou a juíza, em sua decisão.

Segundo o promotor Thales Ferreira, o Ministério Público terá agora cinco dias para denunciar o suspeito pelo crime de estupro. "Eu gostaria que as pessoas que foram vítimas de abusos, exploração sexual, procurassem o Ministério Público. Temos como missão prevenir e combater com rigor esse tipo de crime", avisou Ferreira.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Na primeira versão deste texto, a foto que erroneamente ilustrava a reportagem reproduzia a fachada da congregação identificada como ADSenaMadureira nas redes sociais. Em contato com o responsável pelo templo, ficou esclarecido que, a imagem era da Assembleia de Deus Ministério Missão, diferentemente da descrição que consta nos autos do Ministério Público do Acre, e que a igreja da qual Evandro Meneses fazia parte era a Assembleia de Deus ADBrás Madureira, também em Sena Madureira (AC).