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Jorgina de Freitas, do Escândalo da Previdência, morre meses após acidente

Jorgina de Freitas envolveu-se num esquema de fraude bilionário que ficou conhecido como o "escândalo da Previdência" - Reprodução/TV Globo
Jorgina de Freitas envolveu-se num esquema de fraude bilionário que ficou conhecido como o "escândalo da Previdência" Imagem: Reprodução/TV Globo

Colaboração para o UOL

21/07/2022 15h48Atualizada em 22/07/2022 13h45

Internada desde dezembro do ano passado, quando sofreu um acidente de carro, a ex-advogada Jorgina Maria de Freitas, 71, morreu na terça-feira (19) no Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Ela foi responsável pelo que é apontado como a maior fraude ocorrida no Brasil contra a Previdência Social. A informação da morte foi confirmada pela prefeitura do município fluminense.

A prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Saúde, informou que a paciente Jorgina Maria de Freitas, 71 anos, deu entrada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes em 13 de dezembro do ano passado, vítima de capotamento de automóvel. Ela chegou com um quadro de politraumatismo com traumatismo craniano grave.

"A direção do hospital relata que durante o período de internação na unidade, a paciente se manteve em estado grave de saúde, traqueostomizada e com pouca resposta a estímulos sensitivos", informou a prefeitura, por meio de nota.

"Na terça-feira (19), Jorgina apresentou hipotensão e bradicardia, evoluindo para PCR (Parada Cardiorrespiratória), tendo sido realizado todos os procedimentos, protocolos e medicações, porém sem sucesso, sendo constatado o óbito às 13h30 do mesmo dia. O corpo foi encaminhado para o IML, por se tratar de vítima de acidente de trânsito", informou o município.

Escândalo da Previdência

Ex-advogada e ex-procuradora previdenciária, Jorgina protagonizou o chamado "escândalo da Previdência, que consistia no desvio sistemático de verbas de aposentadoria, cujo prejuízo aos cofres públicos foi estimado pela Advogacia-geral da União em R$ 2 bilhões. Ela acabou condenada a 14 anos de prisão e começou a cumprir pena em 1997, cinco anos depois de ser condenada, após se entregar a autoridades da Costa Rica.

O esquema utilizava até nomes de pessoas mortas e visava os cofres do INSS e foi descoberto em 1991, após o pagamento do que se pensava ser R$ 90 milhões a Alaíde Fernandes Ximenes, um motorista de empilhadeira. A fraude acabou sendo investigada e então a polícia descobriu que os desvios aconteciam desde 1988, envolvendo de procuradores do órgão a juízes e advogados do Rio de Janeiro.

Jorgina deixou o Brasil, se escondendo no Paraguai, Estados Unidos e na Costa Rica. Na tentativa de não ser reconhecida, buscou realizar cirurgias plásticas, mas acabou se entregando e sendo repatriada do país da América Central ao Brasil. Em maio de 2010, ela e o contador Carlos Alberto de Mello, considerado seu cúmplice, foram condenados a devolver R$ 200 milhões aos cofres públicos, mas sua sentença foi declarada extinta um mês depois e a ex-advogada, cujo registro profissional havia sido cassado em 2001 pela OAB/RJ, foi solta.