Acumulador que morreu em casa juntava lixo há 10 anos; remoção leva 4 dias
Centenas de potes vazios, latas, portas de ferro, pedaços de móveis, de madeiras, de telhas e de cano PVC. Esses são apenas alguns dos materiais retirados pelas equipes da Prefeitura e da Defesa Civil de Piracicaba (SP) da casa do catador de recicláveis Paulo Sérgio Garcia, 52, encontrado morto ontem em meio ao acúmulo de materiais que juntou ao longo de uma década. A causa da morte ainda não foi esclarecida.
O homem foi encontrado sem vida dentro da própria residência após vizinhos notarem a ausência dele nas ruas do bairro e chamarem a polícia. O corpo de Paulo estava em um corredor que liga a cozinha ao quarto do imóvel. Para chegar até ele as equipes de limpeza demoraram quase 7 horas - mais de 4 horas para localizar o corpo e mais de duas até conseguirem ter acesso ao local.
Segundo o diretor da Defesa Civil do município, Odair de Melo, até o início da tarde de hoje, oito caminhões de objetos "inservíveis" foram retirados da residência. Todo o material está sendo levado para o aterro sanitário da cidade.
"Os materiais estão espalhados por todos os cômodos da casa até o teto; até em cima do telhado tem coisa. É um trabalho bastante demorado. Esperamos conseguir concluir a limpeza do imóvel até sábado", afirma. Até o momento, as equipes não sabem dizer a quantidade de cômodos que há na casa, já que ainda há espaços a serem liberados.
Os materiais começaram a ser coletados há 30 anos, na residência que fica na rua Elis Regina, bairro Jardim Alvorada. Mas, segundo moradores da região, parte sempre era vendida, o que mudou há cerca de dez anos, após a morte da mãe de Paulo, que vivia no mesmo imóvel -- desde então ele teria passado a acumular todo tipo de produto no interior da residência.
Segundo um comerciante do bairro, que pediu para não ter o nome divulgado, o catador recusava ajuda dos moradores. Ele conta que há cerca de duas semanas Paulo relatou estar sentindo dores no peito e estava com tosse. "Eu ofereci se ele queria ir no postinho ou tomar algum remédio para a tosse, mas ele não gostava que as pessoas o ajudassem", conta.
Há 12 anos, Paulo sofreu um acidente de bicicleta e passou por procedimento cirúrgico para colocar um fixador externo circular (gaiola) na perna, um conjunto metálico para tratar fraturas e deformidades que deve ser usado temporariamente. Ele nunca mais voltou ao médico e não aceitava tirar o equipamento do corpo.
Sumiço
Sem verem Paulo andando pelas ruas do bairro desde segunda-feira (18), vizinhos estranharam esse sumiço e chamaram o Corpo de Bombeiros na noite do dia seguinte.
Devido à escuridão e a quantidade de materiais, os agentes não conseguiram entrar no imóvel, nem mesmo pelo telhado, e tiveram que interromper os trabalhos.
As buscas foram retomadas na manhã seguinte, quando bombeiros começaram a abrir caminho entre os materiais e conseguiram entrar na casa.
Após quase cinco horas de retirada de materiais, o corpo de Paulo foi localizado. Ao ser retirado, o corpo foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal). Exames vão apontar a causa da morte.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.