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Delegado da PF é morto durante operação contra extração ilegal de madeira

Delegado da PF Roberto Moreira da Silva Filho, de 35 anos, morreu após ser atingido por um tiro durante operação contra a extração de madeira ilegal no MT Imagem: Divulgação/Polícia Federal do Mato Grosso

Do UOL, em São Paulo

27/08/2022 14h05Atualizada em 28/08/2022 10h16

O delegado da Polícia Federal Roberto Moreira da Silva Filho, de 35 anos, morreu na madrugada de sábado (27) durante uma operação contra a extração ilegal de madeira na terra indígena de Aripuanã, a cerca de 920 quilômetros de Cuiabá, capital do Mato Grosso. Ele comandava a Operação Onipresente.

Segundo a Polícia Federal, o delegado e a equipe estavam fiscalizando caminhões quando um motorista se recusou a parar, descumprindo uma ordem policial, e tentou atropelar os agentes. Os policiais atiraram, mas uma das balas ricocheteou e atingiu o delegado.

Ao UOL, a Polícia Federal de Mato Grosso afirmou que o caminhoneiro conseguir fugir do local da fiscalização, mas foi identificado após procurar atendimento médico para tratar um ferimento no pé.

O homem foi interrogado pela Polícia Civil e deve responder por tentativa de homicídio, entre outros crimes, por jogar o caminhão em direção a equipe da Polícia Federal.

Natural de Brasília, Roberto Filho era chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico do Mato Grosso desde dezembro de 2020. Antes de assumir o cargo, ele participou de várias operações ambientais no estado.

Segundo a assessoria da PF, Roberto Filho foi responsável por inúmeras ações que resultaram em prisões em flagrante, apreensão de madeira ilegal e destruição de veículos e equipamentos usados em práticas delituosas. Ele foi descrito como um agente muito atuante.

Delegado da PF Roberto Moreira da Silva Filho, de 35 anos, morreu após ser atingido por um tiro durante operação contra a extração de madeira ilegal no MT Imagem: Divulgação/Polícia Federal do Mato Grosso

A Polícia Federal divulgou hoje uma nota de pesar pela morte do delegado Roberto Moreira da Silva Filho. No texto, o órgão ressalta que a superintendência da PF em Mato Grosso está acompanhando de perto a investigação sobre as circunstâncias da morte.

Somente após a perícia será possível identificar o autor do disparo, informou a assessoria da PF.

PF estima que dez caminhões deixam a Terra Indígena Aripuaña por dia

Realizada em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Operação Onipresente integra o programa federal Guardiões do Bioma. De acordo com a PF, as ações deflagradas no norte e noroeste do Mato Grosso buscam impedir diversos crimes ambientais, principalmente a extração ilegal de madeira e o desmatamento, e reunir provas para identificar e punir criminosos.

Há anos, a região é alvo da cobiça de madeireiros atraídos principalmente pelo ipê. Em 2018, servidores do Ibama, da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Polícia Civil de Mato Grosso apreenderam 13 caminhões, três pás carregadeiras, quatro tratores adaptados para a retirada de árvores, dois tratores de esteira, dois reboques florestais, oito motos, 12 motosserras, uma caminhonete e seis armas de fogo durante uma única operação conjunta.

Vinte e duas pessoas foram identificadas por envolvimento com ilícitos ambientais e por tentarem obstruir as vias e impedir a apreensão dos equipamentos —o que levou os agentes a destruir a maior parte dos bens apreendidos no próprio local.

Recentemente, a PF estimou que ao menos dez caminhões deixam a Terra Indígena Aripuaña diariamente, carregados ilegalmente com toras de madeira de alto valor comercial —o que motivou a corporação a anunciar, em julho, que intensificaria suas ações.

*Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil

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