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Família de criança autista é expulsa de clube em GO: 'Humilhante'

O menino autista Daniel, de 4 anos, brinca em uma piscina pouco antes de sua família ser expulsa de parque - Reprodução/ Instagram
O menino autista Daniel, de 4 anos, brinca em uma piscina pouco antes de sua família ser expulsa de parque Imagem: Reprodução/ Instagram
Igor Mello, Do UOL e no Rio

27/08/2022 12h52Atualizada em 27/08/2022 18h43

Os pais de uma criança autista de 4 anos dizem ter sido expulsos do parque aquático Águas Correntes Park, em Cidade Ocidental, no interior de Goiás, por discriminação por conta da condição do filho.

De acordo com a família, o motivo da expulsão foi terem entrado no parque com um lanche para o menino, que por conta do autismo sofre também de restrição alimentar severa. A publicitária Carol Monteiro, 41 anos, mãe do garoto, disse em um vídeo nas redes sociais que a família foi autorizada a entrar com os alimentos no parque, mas depois passou a ser perseguida por seguranças.

Pouco antes da família ser expulsa, a criança se divertia na piscina. Em um longo texto publicado em seu perfil no Instagram, onde também registrou o momento da expulsão, Carol Monteiro descreveu o ocorrido como "uma experiência humilhante".

"Nunca mais eu volto nesse lugar e recomendo que nunca pisem aqui. Porque é um lugar que não sabe tratar as pessoas, não é inclusivo. E tem uma equipe extremamente despreparada para tratar de crianças autistas. A gente vai na delegacia e vai exigir nossos direitos", afirma ela no vídeo.

Após a repercussão da denúncia, o Águas Correntes Park divulgou uma nota pedindo desculpas à família.

No vídeo, Carol ainda revela que a criança come apenas alguns tipos específicos de salgadinhos e sucos, por isso precisa levar os alimentos quando sai com ele. A legislação garante às pessoas com transtorno do espectro autista "o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde" incluindo "nutrição adequada e terapia nutricional".

"A gente está sendo expulso do Águas Correntes Park por ter entrado com a comida do Daniel. Daniel é uma criança autista, que tem restrições alimentares, não come qualquer coisa. Tem restrição alimentar severa", disse Carol em um vídeo publicado por ela no Instagram.

Pai relata perseguição: 'Agiram com ironia'

Bruno Augusto, 35 anos, pai do menino Daniel, afirmou ao UOL que todo o problema começou quando foi no carro da família buscar os alimentos do filho —eles já tinham sido obrigados a deixar parte dos alimentos na recepção quando entraram. Ele diz que a família irá hoje (27) na delegacia registrar ocorrência.

"No estacionamento, eu informei que meu filho era autista e quando ele sentisse fome ia voltar para pegar a comida dele. Quando voltei ao estacionamento, já tinha outra pessoa com a camiseta de segurança. O rapaz em questão me abordou e disse que eu não ia poder consumir aquilo. Já vim com o RG do Daniel na mão [o documento possui identificação de autistmo] e afirmei que meu filho era autista. O segurança me seguiu e, quando cheguei onde minha esposa estava com as crianças, ele reafirmou que não ia poder consumir o lanche", relata ele.

A mãe do garoto conta que o veículo foi revistado. "Revistaram o carro inteiro e autorizaram a gente a entrar com algumas das coisas que ele come. Desde que a gente entrou aqui tem um segurança que não sai de trás da gente o tempo todo. E agora vieram mais outros seguranças e estão expulsando a gente do parque porque a gente entrou com o lanche do Daniel. Disseram que a gente não pode ficar no parque com a comida do Dani", relatou Carol.

Bruno ainda reclama da postura dos funcionários do parque durante toda a confusão que se seguiu: "Os funcionários foram desrespeitosos, falando com ironia, sabe?", diz com indignação.

Em nota divulgada em suas redes sociais, o Águas Correntes Park pediu desculpas à família.

"Sobre a situação relatada pela cliente Carol Monteiro em suas redes sociais, informamos que estamos apurando os fatos para adotar as medidas necessárias para o esclarecimento e/ou correção das políticas internas", diz o comunicado.