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Vídeo: Menina de 2 anos brinca com sapos na cama, surpreende mãe e viraliza

Luan Martendal

Colaboração para o UOL, em Santa Catarina

12/09/2022 18h02

Uma cena inusitada ganhou repercussão nas redes sociais neste final de semana ao mostrar a pequena Lívia Gabriella da Silva, de apenas 2 anos, brincando com quatro sapos em cima de uma cama em Ituporanga (SC). A prática é desaconselhada por especialista.

O vídeo viral foi publicado pela família há uma semana no canal dos irmãos "@pedroeliviaoficial" e já conta com mais de 6,1 milhões de visualizações e 655 mil curtidas no TikTok.

As cenas foram gravadas pelo irmão da menina, Pedro Henrique Mello, 18, enquanto a garotinha estava interagindo amigavelmente com os anfíbios na cama da mãe deles, Arisseles Hilleshein. Na gravação de poucos segundos, ao flagrar a irmã com os bichos, o rapaz ri e chama a mãe para ver a cena, que se choca: "Meu Deus do céu, Lívia! O que é isso?", diz a mulher surpresa. "É papo (sapo)", devolve a menina com tranquilidade.

Apesar de ser flagrada com os sapos no quarto de casa, a criança já interage com os anfíbios desde novembro de 2021, quando o irmão promoveu o primeiro contato da menina com os sapos. Na ocasião, Pedro colocou um animal nas mãos da pequena e depois o pegou de volta, para tristeza da pequena. "Quando tirei o sapo das mãos dela, ela saiu correndo e chorando, queria que o entregasse novamente, e, hoje, ela mesma pega os sapos para brincar". O vídeo desse momento também é sucesso nas redes, com mais de 1,5 milhões de visualizações no canal da dupla.

De acordo com a família, a facilidade de pegar um grande número de sapos está no fato de haver muitos períodos de chuva na cidade, facilitando o aparecimento de inúmeros sapos no terreno da residência.

"Tem um casal de sapos que está sempre por aqui, quando fiz gravação tinha chovido um dia antes. Por isso, apareceram outros sapos maiores e a Lívia os pegou sem medo. Mas o amor dela pelos bichos vai além, dia desses eu a encontrei com uma aranha e até eu me assustei", relata Pedro.

A mãe dos irmãos admitiu ter medo no início, mas agora diz estar acostumada e também perdeu o medo dos sapos e gosta da interação que os filhos têm com a natureza. A repercussão dos vídeos também trouxe milhares de comentários positivos e negativos, segundo a família.

"Tem gente que critica, que diz que dá cobreiro (nome popular da doença de pele herpes zoster), que é nojento, mas a maioria das pessoas faz comentários positivos, dizem que minha irmã é corajosa e que essa relação dela com os bichos é surpreendente", conta Pedro.

Prática é contraindicada, diz especialista

O UOL procurou o doutor em Biologia (Ecologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e professor de Ecologia e Zoologia na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Selvino Neckel de Oliveira, para verificar os riscos e cuidados que humanos devem ter na interação com os sapos.

De acordo com o professor e especialista em anfíbios e répteis, é contraindicado pegar qualquer animal silvestre, porque além de poder responder por uma infração de leis ambientais - passível de punição de órgãos de controle devido ao manuseio de animal silvestre sem autorização - existe o risco das toxinas desses animais, o prejudicial para a saúde.

"Todos os sapos, rãs e pererecas têm veneno. A quantidade e a composição química do veneno vão depender da espécie, mas todos têm. O que eles podem causar quando o ser humano manuseia esse anfíbio, não se sabe, mas o fato é que se a criança tiver contato com essa toxina e levar a mão a boca, pode ter vômito; se levar a mão nos olhos, pode ter irritação; dentre outros problemas", explica Oliveira.

Segundo o especialista, as toxinas dos sapos costumam ficar presas dentro de glândulas e não costumam ser expelidas sem um motivo aparente. No entanto, caso a pessoa aperte o animal, essas toxinas podem ser liberadas.

"No caso deste vídeo, aparentemente a criança não colocou o dedo no olho, por exemplo, mas isso não quer dizer que não possa haver consequências", sinaliza.

"É preciso que não se incentive essa prática. É interessante o amor da criança pelo animal silvestre, mas esse amor deve se dar contemplando o animal e não o pegando no colo".

Ainda segundo o biólogo, em caso de contato direto com o sapo, a higienização deve ser feita com água corrente e sabão.