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Picanha do Mito: filha bloqueia perfil da mãe morta em tumulto após ataques

Yeda Batista morreu horas após o tumulto - Reprodução/Instagram
Yeda Batista morreu horas após o tumulto Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para o UOL, em Maceió

08/10/2022 21h04

O perfil no Instagram de Yeda Batista, morta aos 46 anos após tumulto em frigorífico de Goiânia (GO) para comprar a "picanha do mito", no último dia 2, quando ocorreu o primeiro turno das eleições, foi bloqueado por determinação da filha da mulher, após as postagens da mãe serem alvos de ataques nos comentários.

Yeda foi uma das dezenas de pessoas interessadas em comprar picanha vendida a R$ 22 o quilo por um estabelecimento goiano, cujo dono é apoiador do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL)— o valor é em referência ao número do político. O preço normal do produto é de R$ 129,99.

Segundo informações da Polícia Civil, Batista foi esmagada durante o tumulto provocado pela promoção, teve a perna prensada e foi encaminhada ao hospital. Ela teve um quadro hemorrágico, não resistiu e morreu. As autoridades ainda não determinaram qual a causa da morte.

Depois do ocorrido, Yeda Batista se tornou alvo de críticas no Instagram, com comentários que dizem que ela "morreu por ser gado", e a filha optou por bloquear o perfil.

Frigorífico é autuado

O Procon de Goiás autuou o frigorífico responsável pela promoção "Picanha do Mito", que resultou em confusão e tumulto no domingo (2), dia das eleições. Durante a ação do Procon, o estabelecimento, que fica no bairro Jardim Goiás, em Goiânia, foi flagrado comercializando 50 quilos de carne impróprios para o consumo.

Durante a fiscalização, foram apreendidos mais de 44 quilos de carne refrigerada sem informações sobre a data da embalagem e o prazo de validade, além de 5,5 quilos de carne e dez unidades vencidas de tempero e suco de laranja. Os alimentos e bebidas foram descartados no local. Após ser autuada, a empresa pode pagar uma multa que varia de R$ 754 a R$ 11,3 milhões.

O frigorífico foi notificado a prestar esclarecimentos no prazo de dez dias sobre a promoção, quando anunciou, em suas redes sociais, a venda do quilo da "picanha do mito" por R$ 22. O que chama atenção é que o quilo da peça normalmente custa R$ 129,99, segundo informou o Procon.

O valor com desconto, conforme a promoção, poderia ser pago por quem estivesse vestindo a camiseta do Brasil. A ação gerou longas filas e provocou tumulto entre os clientes na porta do estabelecimento.

Picanha polêmica

Nas redes sociais, o sertanejo Rodrigo, da dupla com George, divulgou a promoção. No dia do evento, uma grande fila se formou na porta do frigorífico.

Vídeos mostraram o tumulto que foi gerado entre os clientes que tentaram forçar entrada na loja. A ação, por sua vez, se tornou alvo da Justiça, que pediu para que o estabelecimento encerrasse imediatamente a promoção e apagasse as publicações das suas redes sociais, sob pena de multa de R$ 10 mil por hora.

O cantor Gusttavo Lima também virou alvo da Justiça. Ele era um dos sócios do frigorífico e também "o rosto" das campanhas publicitárias. No entanto, em maio deste ano, anunciou ter encerrado os trabalhos de divulgação da marca.

O Ministério Público Eleitoral acionou o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás para que o cantor sertanejo e o estabelecimento sejam condenados ao pagamento de multa de R$ 20 mil por propaganda eleitoral irregular. A ação está ligada ao uso, em maio, de um helicóptero adesivado nas cores verde e amarelo, com a mensagem 'Bolsonaro Presidente'.