Criança de 10 anos é atingida com tiro na cabeça durante ataques em Vitória
Os ataques a ônibus na região metropolitana de Vitória (ES) desde ontem fizeram uma vítima de 10 anos. Uma criança foi baleada na cabeça enquanto brincava numa escola municipal ontem à tarde. O menino caiu no pátio da instituição e foi socorrido para um hospital. O médico que atendeu o paciente constatou que ele foi atingido por um disparo de arma de fogo. O estado é delicado, mas estável.
O caso aconteceu no bairro São Cristóvão. A Polícia Militar informou que foi acionada para ir ao Hospital Infantil Milena Gotard e "após avaliação médica constatou ser uma perfuração de arma de fogo no crânio", segundo nota enviada ao UOL.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana de Vitória esclareceu que o menino estava jogando futebol no pátio com os colegas de sala quando caiu. Inicialmente, foi considerada a hipótese de que a criança teria tropeçado e batido a cabeça, visto que não foi ouvido disparo nem constatada qualquer anormalidade no ambiente escolar.
A criança foi levada ao Hospital pela equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e a família foi avisada. O pai do menino foi antes à instituição e relatou que houve demora no socorro. A criança pedia para não morrer enquanto era atendida pela equipe médica.
"Ele conversava comigo o tempo todo. Pedia para não morrer. Ele estava sentando quando eu cheguei na escola. Houve omissão de socorro por parte da escola. O Samu foi acionado só depois que eu cheguei lá e reclamei. Ele estava sentado numa cadeira com os cabelos cheios de sangue", afirmou o pai do menino que não quis ser identificado.
Em nota oficial, a prefeitura da capital disse que lamentou o episódio, mas não comentou nada sobre a possível omissão de socorro. "As investigações seguem, com o objetivo de esclarecer os fatos. A prefeitura de Vitória lamenta profundamente o ocorrido e externa solidariedade ao estudante e seus familiares. A municipalidade se colocou à disposição e ofereceu todo apoio a família", disse o órgão.
A Polícia Civil foi acionada parar assumir a investigação do episódio de violência e tentar achar o responsável pelo tiro. O órgão informou que o caso vai ficar a cargo da DHPP (Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) da capital.
A criança passou por uma cirurgia para remoção da bala ontem à noite. Os médicos vão avaliar como o corpo reagirá nas próximas 48 horas.
Sete ônibus atacados
Pelo menos sete ônibus foram atacados em Vitória, sendo seis incendiados e outro fuzilado no Complexo da Penha. De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, 15 suspeitos de envolvimento nas ações criminosas já foram detidos pela Polícia Civil. Não há registro de feridos.
De acordo com a Polícia Militar, as ações foram orquestradas e executadas por integrantes da facção criminosa PCV (Primeiro Comando de Vitória), que tem como base o discurso do PCC (Primeiro Comando da Capital).
"Eles ordenaram a queima dos ônibus. Quem executou e queimou os ônibus? Não foram os líderes do tráfico, mas sim os criminosos que estão abaixo na hierarquia criminal. São adolescentes e jovens com armas e gasolina que aproveitam uma situação e abordam um ônibus para tocar fogo em um ônibus", explica o especialista em segurança pública Pablo Lira.
Os estragos seriam em retaliação à morte de Jonathan Cândida Cardoso, de 26 anos. Ele é apontado como segurança do principal líder do PCV, Fernando Moraes Pereira Pimenta, mais conhecido como Marujo, que é procurado pela polícia. Jonathan, na noite da última segunda-feira (10) se envolveu em uma troca de tiros com a PM, foi baleado e não resistiu aos ferimentos. Ele tinha um mandado de prisão em aberto por tráfico de drogas.
Tiros foram disparados do Morro do Macaco
Fontes ouvidas pela reportagem revelam que a escola onde o menino foi baleado fica próxima ao Morro do Macaco, que é dominado pela facção criminosa Primeiro Comando de Vitória. A facção é a principal suspeita, segundo a polícia, de orquestrar os ataques aos sete ônibus e também ao carro de uma emissora de TV ontem.
Em uma linha reta, o local dá cerca de 1 km do Complexo da Penha (conglomerado de comunidades), sede do PVC. Bandidos estariam no morro efetuando disparos enquanto outros criminosos incendiavam coletivos e metralhavam um outro veículo.
De acordo com um cabo da PM ouvido pela reportagem, a principal suspeita é de que a bala que atingiu o menino partiu de uma troca de tiros no Morro do Macaco. A investigação, entretanto, ainda não traz dados oficiais.
*Com informações da Agência Estado
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.