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Está sendo horrível, diz grávida de siamesas que teve aborto negado no STF

A auxiliar de limpeza Lorisete dos Santos, de 37 anos, teve aborto negado pelo STF - Reprodução/RBS TV
A auxiliar de limpeza Lorisete dos Santos, de 37 anos, teve aborto negado pelo STF Imagem: Reprodução/RBS TV

Do UOL, em São Paulo

15/10/2022 12h23Atualizada em 15/10/2022 12h57

Grávida de gêmeas siamesas, a auxiliar de limpeza Lorisete dos Santos, de 37 anos, afirmou em entrevista à RBS TV, afiliada da TV Globo, no Rio Grande do Sul, que passa por uma situação difícil após o STF (Supremo Tribunal Federal) ter decidido na última quinta-feira (13) que ele não pode passar por um procedimento de aborto mesmo com quadro de gravidez de risco.

"Pra mim está sendo horrível, horrível mesmo. Porque eu não queria que estivesse assim a situação. Eu queria que elas estivessem bem, estivessem separadas, e elas estão desse jeito", afirmou Lorisete à emissora.

O relator do caso foi o ministro André Mendonça, que argumentou não ter recebido da defesa da gestante argumentos suficientes para mudar as demais decisões de instâncias inferiores da Justiça e negou o pedido. O voto dele foi acompanhado pelo ministro Nunes Marques e seguido com ressalvas por Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.

Conforme mostrou reportagem de Universa, Lorisete já teve seu pedido de interrupção da gestação negado outras quatro vezes pela Justiça.

"Para nós o sofrimento é grande. Ela está sofrendo, todos estão sofrendo, e daí na nossa situação do juiz negar é um absurdo. Uma coisa raríssima, que não tem a chance de a criança viver. Sofrimento tanto pra mim quanto pra ela, que está carregando na barriga as crianças", disse o marido Lorisete, Marciano da Silva Mendes, à RBS TV.

No julgamento no STF, o ministro Edson Fachin foi o único a votar a favor do requerimento da mulher, afirmando que o Supremo não prevê todas as doenças e condições que podem impor risco à vida de gestantes e bebês. "Antes e acima de tudo, a Corte estabeleceu definição constitucional atinente à laicidade, dignidade humana, autodeterminação e saúde das mulheres no país", ressaltou.

Condição é rara. Como publicou Marina Rossi, colunista de Universa, a gestação de Lorisete foi considerada "um risco potencial à saúde materna", e a condição dos bebês foi classificada como "incompatível com a vida", de acordo com laudos médicos aos quais a coluna teve acesso e que nem chegaram a ser analisados.