'Conseguimos um embrião e uma hora depois meu marido morreu em acidente'

A advogada Vanessa Porto Figueiredo e o marido Valber Santi sonhavam em ter filhos. Mas os planos do casal foram transformados por um acidente de carro que matou o empresário em março de 2022.

Com embriões congelados, em meio a um processo de fertilização in vitro, a mulher decidiu realizar sozinha o plano dos dois, engravidando de um menino, que nasceu há menos de um mês.

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Moradores de Vitória, Vanessa e Valber se conheceram em 2017 por uma coincidência: ela precisava de uma empresa que instalasse câmeras de segurança e ele trabalhava na área. O que era só um pedido de orçamento terminou em casamento um ano depois.

"Desde a época do namoro já surgiu a vontade de sermos papais. Mas como não veio na forma natural, procuramos uma clínica de fertilidade. O diagnóstico e a indicação clínica para a realização de fertilização in vitro vieram um ano e meio após nos casarmos, por causa de uma alteração cromossômica diagnosticada no meu marido da qual ainda não tínhamos conhecimento", contou Vanessa, de 40 anos, ao UOL.

Ao longo de três anos, eles fizeram cinco tentativas de conseguir um embrião que pudesse ser transferido para o útero da advogada, mas não tiveram sucesso.

Apenas em 14 de março de 2022, na 6.ª e última investida, veio a notícia de que a junção de um óvulo de Vanessa e um espermatozoide de Valber tinha dado certo.

"Recebi uma mensagem do laboratório dizendo que havíamos conseguido nosso embrião. Eu encaminhei a mensagem para o meu marido, que me respondeu com uma mensagem muito bonita falando de amor e de fé. Uma hora após o envio desta mensagem, ele veio a óbito em um grave acidente de trânsito", lembrou a mulher.

Vanessa diz ter vivido "os piores dias de sua vida" depois da morte do marido, mas nunca pensou em desistir do sonho de ter um filho com o empresário.

Três meses depois do acidente, em junho de 2022, ela fez a transferência do embrião. E não demorou muito para receber a notícia de que o processo tinha dado certo.

Os dois já tinham escolhido o nome que dariam ao futuro filho, se ele fosse um menino: Valentin. E o bebê veio ao mundo coincidentemente em 14 de fevereiro, Dia de São Valentim, padroeiro dos namorados.

"O acidente que levou o meu marido, não poderia levar também o meu filho que estava por vir. Eu sempre sonhei ser mãe de menino e ele sabia disso. Valentin já existia, estava apenas esperando ser entregue ao meu útero. Poderíamos ter conseguido na primeira tentativa, mas sempre acreditamos que se não deu certo é porque não era o momento. O tempo de Deus não é o mesmo que o nosso", disse Vanessa.

A advogada enfrentou inúmeros desafios durante a gravidez, ainda abalada emocionalmente pela perda do marido, mas elogia o carinho das famílias do casal, que sempre apoiaram sua decisão de seguir com a fertilização.

Na sala de parto, Valber foi representado pela mãe, Fátima, que acompanhou a nora em todo o procedimento.

Hoje eu sinto muita falta do meu marido e pai do meu filho, em especial nas madrugadas em que estou sozinha no meu quarto com o Valentin. Mas prefiro confiar nos propósitos de Deus e me apegar ao futuro com boas expectativas. Todos estão muito radiantes com a chegada de Valentin, que traz consigo uma sensação de renascimento. Ele me trouxe de volta para a vida
Vanessa Porto Figueiredo