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Moradora do Leblon que destratou entregador do iFood é banida do aplicativo

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

02/03/2023 10h14Atualizada em 02/03/2023 15h49

A moradora do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, que aparece em um vídeo destratando um entregador de aplicativo, foi banida do iFood após a repercussão do caso. Nas imagens, Ana Fefer, 40, aparece transtornada e se nega a dar o código da compra para receber o produto e chega a pedir a presença da polícia no local.

"Eu fiquei até aliviado, porque vai diminuir o risco de um entregador sofrer a mesma coisa que eu sofri ou algo pior. Achei bem justa a decisão de bloquear do aplicativo", diz o entregador Breno Caetano, 18, ao UOL.

"Achei justo, mas infelizmente ela ainda pode pedir por outras contas. Tomara que nenhum entregador passe pelo que eu passei", diz o morador de Santa Marta, comunidade da zona sul do Rio, que trabalha com entregas para o iFood e o Box Delivery com sua bicicleta.

O iFood informou a decisão de bloqueio nesta quarta-feira (1), três dias após o ocorrido. A reportagem entrou em contato com Ana através de mensagem de texto, mas não houve resposta sobre o bloqueio e nem sobre a confusão com o entregador. Este espaço será atualizado caso haja manifestação.

Relembre o caso:

Na noite de domingo (26), por volta das 20h30, em um prédio na rua Conde de Bernadotte, a mulher teve que ir até a portaria para buscar o sorvete que havia comprado, mas se negou a passar o código de compra ao entregador, exigência do aplicativo.

"Abriu o produto e não me deu o código. Você está roubando. Você não vai levar o produto", diz Breno Caetano, enquanto filmava a cena. "Você não é obrigado a subir e eu não sou obrigada a te dar código nenhum, pronto, simples assim", disse Ana.

Durante a confusão, um porteiro aparece e os dois envolvidos pedem para que ele chame a polícia. Em seguida, Ana pega o sorvete, entra no elevador e impede que o entregador a siga, usando tom de deboche.

O entregador acionou a Polícia Militar e registrou a ocorrência. Ana fez um boletim online, mas não quis fazer uma representação judicial contra Breno.

Em seu depoimento, ela diz que se negou a dar o código e disse que daria apenas para o supervisor de Breno. Em seguida, ela relata que teve sua propriedade privada invadida e foi caluniada, já que o pedido estava pago pelo aplicativo. Ana também conta que foi agarrada pelo entregador: "Ele me agarra com força para que eu não entre no elevador. Ele me segura sem meu consentimento", diz a mulher no depoimento.

Em nota, o iFood disse que "o código de validação de entrega é uma medida de segurança tanto para os clientes como para os entregadores". "O código deve ser passado pelos clientes ao entregador no momento da entrega do pedido, e desta forma é registrada que a compra foi realmente entregue e os entregadores são autorizados a dar a sacola para os clientes". Segundo a empresa, "caso o cliente se recuse a fornecer o código, o entregador deve acionar o atendimento via chat, que fornecerá as instruções necessárias para que o pedido seja concluído corretamente no app iFood para Entregadores".

Breno disse que essa foi a primeira vez que foi destratado em uma entrega. Após a repercussão do caso, ele passou a receber a solidariedade de várias pessoas e escutou diversos relatos de outros entregadores que esse tipo de situação acontece com frequência.

"Fiquei sem palavras, sem reação e com medo. Foram quase três horas resolvendo isso, poderia estar trabalhando, fazendo dinheiro. Não conheço essa pessoa, tenho família, trabalho em outros aplicativos, as vezes fico virado, passo o dia todo na rua, quero conquistar as minhas coisas, fazer minha faculdade, e essas coisas desanimam", lamenta Breno.