Cotidiano

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'Não sou obrigada': Mulher destrata entregador e o denuncia à polícia no RJ

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

27/02/2023 18h11Atualizada em 02/03/2023 10h15

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra uma confusão entre um entregador de aplicativo de comida com uma moradora da zona sul do Rio de Janeiro. Nas imagens, a mulher aparece transtornada, dizendo que não informaria o código da compra, e o entregador pede a devolução do produto.

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O caso aconteceu na noite de domingo (26), por volta das 21h30, em um prédio na rua Conde de Bernadotte, no bairro do Leblon.

"Enquanto eu estava aguardando a cliente, ela chegou, não falou nada, pegou o saco, abriu o produto e não informou o código. Pedi o código, expliquei que o iFood poderia alegar que eu não entreguei o produto e ela mesmo poderia alegar que não recebeu. Isso poderia me prejudicar, eu poderia perder minha conta e ficar sem trabalhar. Ela saiu alterada, em direção ao elevador, dizendo que não me daria código nenhum e que eu era obrigado a subir e a entregar na mão dela", disse Breno Caetano, 18, em entrevista ao UOL.

"Você está roubando o produto, você não pagou. Você não vai levar o produto", disse o jovem durante a gravação do vídeo usado para denunciar o tratamento. Ele havia ido até o endereço de bicicleta realizar a entrega. Enquanto tentava tirar o saco da mão de Ana Fefer, 40, ela se nega a passar o código da compra, manda o entregador sair de "seu elevador" e grita pelo segurança do edifício.

"Você não é obrigado a subir e eu não sou obrigada a te dar código nenhum, pronto, simples assim", diz a mulher no vídeo. Durante a confusão, um funcionário do condomínio aparece e os dois envolvidos pedem para que ele chame a polícia. Em seguida, Ana pega o produto e, entra no elevador e chega a mandar um beijo, em sinal de deboche, para Breno.

De acordo com a Polícia Civil, a mulher registrou uma denúncia contra o entregador virtualmente na tarde de hoje (27). Em depoimento, Ana conta que se negou a dar o código e disse que daria apenas para o supervisor dele.

Em seguida, ela relata que teve sua propriedade privada invadida e foi caluniada, já que o pedido estava pago pelo aplicativo. Ana também conta que foi agarrada pelo entregador, mas optou por não o representar judicialmente: "até que ele me agarra com força, para que eu não entre no elevador. Ele me segura sem meu consentimento", denunciou a mulher no registro da ocorrência.

O UOL entrou em contato com Ana por mensagem de texto e por telefone. Uma representante da mulher, que preferiu não se identificar, disse que ela estaria ausente. "Ela deixou o celular para conseguir trabalhar em paz. A Ana decidiu não se manifestar ainda porque está aguardando as imagens de segurança do prédio, que provam que ela foi agredida, foi uma vítima disso tudo". Até o momento, não houve resposta por parte da mulher. Este espaço será atualizado tão logo haja manifestação.

Após a confusão, ele fez reclamação com o iFood e o registro com a Polícia Militar, que foi até o local. O morador de Santa Marta, comunidade da zona sul do Rio, trabalha com entregas há um ano e sonha em cursar nutrição ou educação física.

Fiquei sem palavras, sem reação e com medo. Fiquei quase três horas resolvendo isso, poderia estar trabalhando, fazendo dinheiro. Não conheço essa pessoa, tenho família, trabalho em outros aplicativos, às vezes fico virado, passo o dia todo na rua, quero conquistar as minhas coisas, fazer minha faculdade, e essas coisas desanimam.
Breno Caetano, entregador

O vídeo, gravado por ele, provocou revolta em alguns usuários das redes sociais que denunciaram a forma grosseira que ele foi tratado. "Está virando humilhação e covardia o que essa galera tem feito com os entregadores", disse um rapaz no Twitter. "O iFood precisa começar a bloquear esse tipo de gente para realizar pedidos. Os trabalhadores não precisam passar por esse tipo de constrangimento", disse outro.

Em nota, o iFood disse que "o código de validação de entrega é uma medida de segurança tanto para os clientes como para os entregadores". "O código deve ser passado pelos clientes ao entregador no momento da entrega do pedido, e desta forma é registrada que a compra foi realmente entregue e os entregadores são autorizados a dar a sacola para os clientes".

Segundo a empresa, "caso o cliente se recuse a fornecer o código, o entregador deve acionar o atendimento via chat, que fornecerá as instruções necessárias para que o pedido seja concluído corretamente no app iFood para Entregadores".