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'Risco de morte encefálica', diz namorado sobre jovem que cheirou pimenta

Matheus conheceu Thais no Instagram e há seis meses o casal iniciou o namoro - Arquivo Pessoal
Matheus conheceu Thais no Instagram e há seis meses o casal iniciou o namoro Imagem: Arquivo Pessoal

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

08/03/2023 12h58Atualizada em 08/03/2023 18h54

O profissional de TI Matheus Lopes de Oliveira, 27, namorado de Thaís Medeiros, 25, afirmou que a jovem tem um edema cerebral e corria risco de morte encefálica. Thaís cheirou um vidro de pimenta e passou mal. Ela está há 20 dias internada em uma UTI em Anápolis (GO), com quadro grave.

Ao UOL, Matheus contou que, além de apresentar um quadro crônico de asma, Thaís estava com pneumonia no dia do incidente. A descoberta foi feita pelos médicos, dias depois. Ele também revelou detalhes do que aconteceu no dia em que a namorada passou mal.

Ela estava na cozinha do sobrado do namorado, com os pais e a irmã dele, quando resolveu cheirar um pote de pimenta-bode. A reação foi imediata. Ficou sem ar, a glote se fechou e ela teve de ser levada para o hospital.

Thaís está internada, sob sedação intensa, desde o dia 17 de fevereiro. Com seu quadro agravado por um edema cerebral, suas respostas a estímulos diminuem com o passar dos dias.

Matheus mora em uma casa em Anápolis e Thaís havia chegado de Goiânia, onde reside, para passar o Carnaval com ele. Os pais de Matheus, que moram na roça, também estavam lá para recebê-la.

Logo ele notou que Thaís tossia ocasionalmente, mas pensou que fosse sintoma da asma crônica que a acompanha desde a infância.

Após o almoço em família, o jovem diz que foi para a sala jogar videogame e Thaís ficou com a família dele, na cozinha, conversando. O pote de pimenta-bode, acredita o rapaz, pode ter sido trazido da roça pela mãe.

"Eu escutava eles conversando e ouvi quando começaram a falar sobre pimenta. Minha irmã diz que ela pegou o pote para sentir o cheiro e, de repente, correu para o quarto para pegar a bombinha e os remédios. Minutos depois minha irmã apareceu na sala para me chamar, dizendo que ela estava passando mal."

Matheus encontrou Thaís sentada sobre a cama, pálida e com dificuldade para respirar. Imediatamente, ele a colocou no carro e iniciou uma jornada em alta velocidade, com a mãe no banco de trás, até o Hospital Evangélico, que é particular. No caminho, ela desmaiou. Matheus confirmou o pior: ela estava sem pulsação.

Eu gelei. Ver o desespero dela para respirar foi a coisa mais horrível que já presenciei. Ela chegou a urinar no banco do carro. Quando chegamos, levaram ela para a sala de atendimento e fizeram um trabalho de reanimação que durou cerca de 8 minutos. Tempo suficiente para causar um edema cerebral

No mesmo dia, quando soube que Thaís precisaria de cuidados intensivos por tempo indeterminado, Matheus providenciou sua transferência para um leito pago pelo SUS, na Santa Casa de Penápolis. "Percebi que ela distingue as pessoas que vão visitá-la e até esboça alguma reação."

No primeiro dia em que fui até lá, ela me escutou chegar e virou levemente a cabeça, abrindo os olhos para me ver. Eu segurei a mão dela e senti que ela apertou um pouco a minha. De repente, ela começou a tremer muito, aquilo me assustou. Passei muito mal depois. Os médicos disseram que os tremores eram da ansiedade que ela sentiu, mas eu fiquei mal de vê-la assim

Segundo Matheus, o edema desinchou nos últimos dias. Porém, afetou áreas do cérebro. Os médicos ainda estão investigando quais áreas e os riscos de, caso sobreviva, desenvolver sequelas motoras.

Início do namoro

O jovem contou que conheceu Thaís pelo Instagram, na galeria de sugestões da aba "explorar". Ele se encantou pela beleza dela e passou a segui-la. Mas não teve coragem de passar uma mensagem.

Semanas depois, ele foi a uma festa e, como o ambiente parecia monótono para ele, começou a mexer no celular e abriu o aplicativo Tinder. Para sua surpresa, ela estava lá. Imediatamente, o casal deu match e passou a conversar por mensagens.

Pouco tempo depois, Matheus foi visitá-la em Goiânia e foi muito bem recebido pelos pais dela. Lá, ele conheceu as duas filhas de Thaís, Antonella, 5, e Valentina, 7. "Eu me apeguei muito a elas, com o tempo passaram a me chamar de 'tio Matheus'", afirmou.

De lá para cá, eles visitaram várias vezes um ao outro em suas respectivas cidades.

A mãe de Thaís está hospedada na casa dele, para ficar mais perto da filha. E, apesar de tentar manter o otimismo, o jovem não faz ideia de quando esse pesadelo vai acabar. Apesar de curada da pneumonia e com os órgãos funcionando normalmente, os danos ao cérebro ainda são um mistério a esclarecer.

Graças a uma vaquinha online, Matheus conseguiu pagar a conta do hospital particular, mas sabe que Thaís demandará gastos com fraldas e medicamentos, por isso a vaquinha permanece ativa.

Não vou perder a fé que ela melhore. Como não tenho condições financeiras, estou dependendo da ajuda das pessoas com a vaquinha. Mas a gente não sabe quando e se ela vai melhorar. Ela é uma menina carinhosa, amorosa e correu risco de morte encefálica. Eu fico mal mesmo, estou muito abalado. Me dá um nó na garganta