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K2, K4, K9: existem mais de 300 tipos da nova droga, mas o risco é igual

Segundo a IPA-Brasil (International Police Association), um pacotinho de maconha sintética pode ser comprado facilmente pela Internet - Divulgação/IPA
Segundo a IPA-Brasil (International Police Association), um pacotinho de maconha sintética pode ser comprado facilmente pela Internet Imagem: Divulgação/IPA

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

06/04/2023 04h00

O canabinoide sintético —ou "maconha sintética"— é conhecido como K2, K4 e K9, mas, segundo órgãos internacionais de saúde, já foram identificadas mais de 300 variedades da nova droga até 2022.

Em geral, todas são feitas de maneira parecida: em laboratórios clandestinos, usando produtos químicos com solvente, para imitar os efeitos da maconha —só que numa potência 100 vezes maior que a cannabis natural.

Os canabinoides sintéticos agem nas mesmas regiões do cérebro que o princípio ativo da cannabis natural, o THC, mas são muito mais tóxicos e lesivos.

Conteúdo de um pacotinho de canabinoide sintético se parece com a cannabis natural - Divulgação/IPA - Divulgação/IPA
Conteúdo de um pacotinho de canabinoide sintético se parece com a cannabis natural
Imagem: Divulgação/IPA
  • O K2, popularmente conhecido como Spice, foi a primeira versão a ser vendida no mundo, em 2004, principalmente na forma de erva (similar à maconha) ou na forma líquida, como uma espécie de odorizador de ambiente.
  • Depois vieram o K4 e o K9, vendidos na forma de selos para serem dissolvidos embaixo da língua ou em líquido para borrifar em papéis, respectivamente.
  • Trata-se de uma droga barata, que vem sendo usada por grupos vulneráveis, como crianças e pessoas em situação de rua e presidiários.
  • O efeito dura menos tempo do que a maconha, e, como o pico é alcançado em 5 minutos, há um risco muito maior de dependência.
  • A droga foi criada para ser um "legal high" (barato legalizado) já que, inicialmente, não era incluída na lista das substâncias psicoativas proibidas no mundo todo.

Apesar de já terem sido identificados 329 tipos diferentes da droga até 2022, os efeitos e riscos dos canabinoides sintéticos são muito similares, explica Fernanda de Paula Ramos, especialista em dependência química pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e em psicoterapia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), especialmente quando combinados com outras drogas.

Eles podem gerar quadros psiquiátricos graves, como psicose, crises de ansiedade e de pânico, alucinações, agitação psicomotora, euforia intensa e dependência da droga. Podem também ser responsáveis por diversas doenças clínicas, como crises convulsivas, acidente vascular cerebral, déficit cognitivo e de memória, hipertensão, taquicardia, infarto agudo do miocárdio, insuficiência renal e até mesmo levar à morte"

k - Tommaso Protti/UOL - Tommaso Protti/UOL
O pino da K9 faz parte do "kit biqueira" junto do crack, cocaína, maconha e lança-perfume
Imagem: Tommaso Protti/UOL
  • É difícil saber quando a maconha sintética chegou ao Brasil, porque ela é facilmente modificada em laboratório, o que torna sua identificação muito difícil.
  • Há notícias de apreensões desde 2018 em presídios, com um aumento muito significativo nos últimos três anos.
  • Lá fora, alguns pesquisadores, como Gaoni & Mechoulam, relatam que ela teria surgido antes de 1964.
  • Em 1988, foi sintetizada a variação HU210 e, em 1995, o JWH-018.
  • O K2 ou Spice passou a ser vendido na internet por volta de 2004.
  • Somente quatro anos depois, conseguiram identificar a substância sintética presente no K2.
  • Um ano depois, a Europa passou a proibir a uso dessa droga e, em 2010, os EUA fizeram o mesmo.
  • Em 2010, a Anvisa proibiu o uso do canabinoide sintético JWH-018 e, em 2016, toda a classe dos canabinoides sintéticos.

"Porém, enquanto um canabinoide sintético era identificado pelas autoridades regulatórias e inserido na lista das substâncias proibidas, outras centenas eram criadas", ressalta a psiquiatra. "Por isso,penso que é fundamental que as pessoas tenham conhecimento sobre os reais efeitos danosos de uma intoxicação grave decorrente desse consumo, já que são drogas novas no Brasil e seu uso vem crescendo nos últimos anos."