Suspeito de matar PM no Guarujá confundiu viatura e temia PCC, diz polícia
O suspeito de ter dado o tiro que matou o soldado da Rota Patrick Bastos Reis, 30, no Guarujá, litoral de São Paulo, teria confundido a viatura antes de disparar. Após o episódio, ao menos 14 pessoas foram mortas em operações policiais na Baixada Santista, segundo o governo.
O que aconteceu
Erickson David da Silva, o Deivinho, teria confundido o veículo com o de outra unidade policial antes de atirar, segundo as investigações. O soldado da força de elite da PM paulista foi morto na última quinta-feira (27).
Deivinho temia ser morto pela PM por vingança ou pelo próprio PCC, segundo fontes ligadas ao caso. Por isso, se entregou à polícia no último domingo, três dias após o assassinato do policial da Rota.
O suspeito gravou um vídeo antes de se entregar. Nele, pediu para que a polícia parasse com a "matança" de supostos inocentes nas operações após a morte do soldado Reis.
É que a reação do governo após a morte do PM prejudicou a movimentação do tráfico. Segundo as investigações, as operações policiais no Guarujá estariam causando perdas financeiras à facção, o que poderia submeter o suspeito a um tribunal do crime do PCC.
Deivinho estava armado e fazia a contenção de um ponto de venda de drogas da Biqueira da Seringueira quando atirou, segundo a polícia. "Deu merda! Deivinho deu um tiro nos caras", teria dito uma das pessoas no local após o disparo, segundo boletim de ocorrência.
O tiro que matou o soldado da Rota teria sido disparado de um "bunker" construído pelo PCC. O PM foi atingido no peito pelo mesmo disparo que acertou a mão do seu colega. Ambos faziam patrulhamento na região.
A Polícia Civil do Guarujá localizou anteontem a arma que teria sido usada no crime. A pistola 9 mm estava embrulhada em um saco plástico e foi encontrada dentro de uma casa na Vila Júlia, após denúncia anônima.
O que se sabe sobre o caso
Moradores passaram a denunciar casos de abuso de autoridade e assassinatos em operações no Guarujá. "Estamos abrindo as portas para eles, mas estão vindo para nos matar", disse uma moradora da Vila Baiana.
Há relatos de que o ambulante Felipe Vieira Nunes foi torturado e assassinado na sexta-feira (28). A SSP (Secretaria de Segurança Pública) diz que as mortes em decorrência de ações policiais serão "rigorosamente investigadas."
Uma comitiva formada pela Comissão de Direitos Humanos da OAB, Ouvidoria das Polícias e Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) acompanha o caso no Guarujá.