Justiça manda soltar mulher presa com o pai por agressão a médica no RJ
A Justiça do Rio de Janeiro mandou soltar Samara Kiffini, 23, que havia sido presa em flagrante junto a seu pai, André Luiz do Nascimento Soares, 46, por agressão a uma médica. Uma paciente em estado grave ficou sem atendimento e morreu.
O que aconteceu:
Decisão foi proferida pelo desembargador Cairo Ítalo França David, do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) nesta sexta-feira (11). O documento foi enviado ao UOL pela defesa de Samara Kiffini. Ela e o pai tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva, em audiência de custódia, no dia 18 de julho.
Samara deve deixar o presídio Santo Expedito, em Bangu (RJ), neste sábado (12), segundo o advogado Claudio Luiz Rodrigues de Souza.
A decisão judicial não inclui André Luiz e ele seguirá preso. "Uma parte da ilegalidade já foi sanada, agora vamos buscar também a liberdade do André Luiz. O que tá acontecendo é que a Justiça está sendo feita na medida correta, sem excessos", explicou o advogado.
Ao decidir pelo habeas corpus, o desembargador reconheceu a tese da defesa, que alega que Samara teria tentado impedir a confusão, segurando o seu pai para que a briga não prosseguisse no Hospital Municipal Francisco da Silva Teles.
A defesa de Samara diz que filmagens do ocorrido mostram que ela tentou "apaziguar os ânimos" e teria sido empurrada pelo próprio pai. No pedido de liberdade, o advogado citou ainda que ela é ré primária e que não possui antecedentes criminais, além de ser mãe de duas crianças, uma de cinco anos e outra de 1 ano.
Por tais razões, concedo parcialmente a liminar, substituindo o encarceramento da paciente pelas seguintes medidas de cautela: a) deve comparecer em juízo, até o dia 10 de cada mês, assinando presença no livro próprio; b) deve também comparecer em juízo, sempre que intimada a fazê-lo; c) fica proibida de mudar de endereço ou de se afastar da comarca onde reside, por mais de oito dias, sem expressa autorização judicial. Firmado o compromisso, deve imediatamente ser posta em liberdade.
Desembargador Cairo Ítalo França David
O caso
Pai e filha chegaram à emergência do hospital na madrugada do dia 16 de julho, por volta das 3h30. Segundo a polícia, os dois estavam visivelmente alterados e o homem queria atendimento devido a um pequeno corte na mão.
Como a unidade tinha cerca de 60 pacientes, o homem foi orientado a aguardar ou procurar outro hospital, já que pacientes com quadros mais graves seriam atendidos primeiro.
A investigação mostrou que o homem reagiu dizendo estar armado. Ele teria invadido a Sala Vermelha, onde a médica da unidade atendia, e deu um soco na boca da profissional.
Após a agressão à médica, uma paciente de 82 anos sofreu uma parada cardiorrespiratória às 4 horas e morreu. Toda a confusão durou cerca de uma hora e os funcionários chegaram a ligar pelo menos dez vezes para a polícia.
A polícia diz que Samara depredou a sala de espera, quebrando vidros de portas, janelas e cadeiras. Os dois foram presos em flagrante por homicídio doloso e ele também foi autuado por lesão corporal. A investigação é conduzida pela 27ª DP (Vicente de Carvalho).
De acordo com o delegado Geovan Omena, que investiga o caso, pai e filha permaneceram calados na delegacia. Nenhum dos dois tinha anotações criminais.
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Quero receberLesões da médica
A profissional Sandra Lúcia estava atendendo pacientes quando André invadiu o espaço exigindo atendimento. Ele deu um soco na boca de Sandra.
O laudo do exame de corpo de delito constatou cinco lesões: na orelha direita, nos antebraços esquerdo e direito, na coxa esquerda e no tórax, além da boca, informou a Polícia Civil.
A médica cumpria sozinha o plantão hospital. Sandra diz que cinco profissionais deveriam estar atendendo no plantão.
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