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PM afasta comandante de Batalhão no Rio após mortes de menina e adolescente

Menina Eloá Passos, de 5 anos, foi morta na manhã de sábado na Ilha do Governador Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

12/08/2023 17h56

A Secretaria Estadual da Polícia Militar do Rio de Janeiro afastou hoje o comandante do 17º BPM (Batalhão da Polícia Militar) da Ilha do Governador, zona norte do Rio. Na manhã deste sábado, Eloá da Silva dos Santos, de 5 anos, e Wendel Eduardo, de 17 anos, foram mortos na região. Moradores acusam a PM pelas mortes.

O que aconteceu

Afastamento ocorreu após Elóa e Wendel serem baleados e mortos. A menina morreu com um tiro no peito enquanto brincava dentro de casa. Já Wendel foi morto após abordagem da polícia.

A medida foi tomada para "dar uma maior lisura e transparência à averiguação dos fatos", disse a secretaria, por nota.

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Nos dois últimos anos, 15 crianças e adolescentes foram mortos por armas de fogo na região metropolitana do Rio — a maioria por balas perdidas.

O que diz a polícia

A Polícia Militar afirmou que uma equipe do 17° BPM abordou dois homens em uma motocicleta, na rua Paranapuã, na Ilha do Governador. Na versão da corporação, "o ocupante de carona portava uma pistola."

"O indivíduo [na carona] disparou contra a equipe [policial], e houve revide", de acordo com os policiais que atuaram na ação.

O homem que estava na carona da moto, na verdade, tinha 17 anos. Ele morreu. Já a pessoa que pilotava a motocicleta foi levada à 37ª DP para prestar esclarecimentos, segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar.

Após a troca de tiros, um grupo de manifestantes "ateou fogo em um ônibus na rua Paranapuã", diz a PM. O Batalhão de Rondas e Controle de Multidão (RECOM) e o Corpo de Bombeiros foram acionados.

O 17° BPM diz ter sido informado "sobre uma criança baleada no interior da comunidade do Dendê". Era Eloá, que foi socorrida por familiares.

Segundo a PM, "não havia operação policial no interior da comunidade." A corporação disse também que "o comando da unidade instaurou um procedimento apuratório para averiguar a conjuntura das ações e a corregedoria da corporação acompanha os trâmites." Segundo a PM, as imagens das câmeras corporais dos policiais serão disponibilizadas para auxiliar as investigações.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital e 37ª DP.

Crianças e adolescentes atingidos em ação policial

601 crianças e adolescentes foram baleados na região metropolitana do Rio nos últimos sete anos. Quatro de dez morreram. Os dados são do Instituto Fogo Cruzado.

Do total de baleados, 286 foram atingidos em ações policiais — o que representa 47,5%. As demais 315 crianças e adolescentes foram atingidas em outras circunstâncias, como disputas entre grupos armados, execuções, homicídios, tentativas de homicídio, brigas, vítimas de disparos acidentais e ataques a civis.

"Os dados precisam ser levados em conta para o planejamento da segurança pública", afirma Cecília Olliveira, do Fogo Cruzado. "Não podemos deixar essas histórias se perderem. Nosso esforço é também de memória, porque sem ela a sociedade não se mobiliza."

A história do Rio de Janeiro é marcada por crianças e adolescentes mortos e feridos. A gente sabe que não são casos isolados. Ágatha Félix, Maria Eduarda, João Pedro, Kauã, Alice, Emilly e Rebecca. Todo mundo lembra de um destes nomes.Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado

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