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'Filha perguntou se nunca mais veria a mãe', diz prima de médica morta

Médica Thayani Garcia foi baleada no ombro, segundo equipe de resgatistas Imagem: Reprodução de redes sociais

Vinícius Rangel

Colaboração para o UOL, em Curitiba

19/09/2023 09h26Atualizada em 19/09/2023 09h26

A morte da médica Thayani Garcia Silva, de 28 anos, vítima de uma tentativa de assalto em Maringá (PR), deixou os familiares abalados. A prima da vítima, a pedagoga Tallita Daniella Moria, 37, disse que a jovem sonhava em se especializar na área de obstetrícia e que os criminosos arrancaram o sonho dela.

Natural de Ji-Paraná (RO), Thayani cresceu e viveu a maior parte da vida na região. Ela perdeu o pai quando tinha 6 anos, desde então, era a mãe que cuidava dela e dos outros dois irmãos, uma mais nova e outro mais velho. A família herdou do pai um posto de combustíveis onde todos administram. Em 2018, a jovem foi para a Bolívia fazer medicina.

"Ela havia iniciado uma primeira graduação em engenharia civil, se não me engano, mas medicina sempre foi o que ela quis. Aí começou o curso de medicina na Bolívia, que era mais perto de Rondônia. Depois da pandemia, em 2021, ela foi para o Paraguai, porque na Bolívia as aulas não voltaram. Ela teve a filha no início da faculdade. Era a mãe que criava a menina", contou Tallita ao UOL.

Com o fim do curso no mês passado, Thayani resolveu se mudar para Maringá, onde a família do pai dela mora. Estava feliz e contente, pois tinha recebido há cerca de dez dias, o resultado do revalida - exame que tem como objetivo avaliar os conhecimentos e habilidades para o exercício profissional - nacional.

"Ela foi para Maringá porque a família do pai dela mora lá. Então, ela não ficaria sozinha para estudar e fazer o revalida. Ela fez e recebeu o diploma de revalidação há 10 dias. Ela já tinha um emprego em vista, mas não sabemos onde era. A mãe dela, inclusive, estava se mudando para cá, para ficar com ela e com o irmão dela, que também tinha se mudado para Maringá. A mãe era tudo para ela", disse a pedagoga.

A notícia da morte de Thayani deixou a família abalada. Os parentes hoje só lembram de como era a médica: uma pessoa carinhosa, alegre e que se importava com a família. Além de tudo, uma mulher que queria ajudar a salvar vidas.

Era sempre animada, gostava de contar histórias e era apaixonada pela filha de 7 anos. Estava muito feliz em ter conquistado o direito de exercer medicina aqui no Brasil. Era uma jovem com muitos sonhos que foram arrancados. Estamos com uma tristeza sem fim. A mãe dela está sendo medicada, pois entrou em estado de choque e a filhinha (de Thayani) perguntou se era verdade que ela nunca mais ia ver a mãe. Isso me deixou pior do que já estava. A filha é uma doçura de menina, está sofrendo sem entender o que está acontecendo. Tallita Daniella Moria, prima da vítima.

O que aconteceu:

Thayani Garcia dirigia um carro e deixava a avó em casa quando foi abordada por dois suspeitos em uma moto. Ela acelerou o veículo e, em seguida, foi baleada na noite do sábado (16).

Um primo que estava de carona no mesmo automóvel também foi atingido e está internado em estado grave no Hospital da Cidade.

Os suspeitos do crime, ambos com 22 anos, foram presos pelas polícias Militar e Civil, na tarde de ontem em Maringá. De acordo com a PM, um dos investigados foi preso a poucos metros de onde a vítima morava. Ele negou participação no crime, mas informou que teria emprestado uma arma de fogo para o comparsa.

Após buscas na região de Mandaguaçu, o segundo suspeito foi detido e teria confessado participação no crime.

A Polícia Civil confirmou as informações e disse que está atrás de um terceiro envolvido.

"Conforme apurado, dentre os presos estão o autor que realizou os disparos de arma de fogo contra a vítima e o homem responsável por fornecer a arma e depois guardá-la após o crime. As investigações da PCPR continuam a fim de localizar o terceiro envolvido no latrocínio e esclarecer por completo os fatos", informou o órgão em nota oficial enviada ao UOL.

A prima de Thayani disse que acredita na justiça, mas confessou que nada vai suprir a dor da família.

"Eles foram presos, mas ela não vai voltar. Isso é o que mais dói. Agora, tudo acabou para ela. Para nós, ficou uma dor sem fim e eles só estão presos. Esse momento está bem difícil ".

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