'Chorei com o bandido. Só pensava na minha filha', diz mulher mantida refém

Sob a mira de uma arma e ameaçada de morte, Adriana Correia, 41, viveu a pior sensação de sua vida por cerca de 30 minutos, na última quarta-feira, no centro do Rio. Ela foi feita de refém dentro de seu trabalho, após bandidos invadirem o local.

O que aconteceu

Começamos a ouvir uma gritaria no andar de cima. Achei que alguém tinha caído do telhado. Quando vimos pela janela, era um carro da polícia atravessado na rua. Os colegas que estavam em baixo, já tinham saído do local. Fomos em direção à escada, até que virei e vi um homem que eu não conhecia. Achei que fosse um dos pedreiros que estava fazendo a obra no telhado, mas aí ele segurou o meu braço e disse "fica comigo". Quando olhei para baixo, a ficha começou a cair. Adriana Correia

Ele disse para eu não correr, porque se não ele me matava. E os policiais pediam o tempo todo para ele me deixar sair. Eu senti como se eu fosse morrer, tive um pressentimento de morte, só pensava na minha filha de 13 anos, que poderia ficar sozinha se acontecesse algo comigo. "Vou morrer, minha vida acabou", era só o que eu pensava. Tem vários casos de refém que nunca saem vivos. Eu confiava na polícia, mas tive muito medo. Tinha medo da negociação se estender e ele se irritar

"Chorei com o bandido"

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"Ele começou a chorar e falou para mim: 'Você me faz um favor? Fala com a minha esposa. Diz a ela que se eu morrer, tudo o que fiz, foi por ela, para dar uma vida melhor. Anota aí, escreve um bilhete. Você promete que entrega a ela?'. Eu concordei, claro. Ele me disse que tinha filhos e que não queria nem estar lá, que não queria morrer. Foi então que comecei a acalmá-lo, disse que ele não seria morto. Ele disse para eu pedir a esposa dele para visitá-lo na cadeia. Ele chorava muito e eu também. Depois disso, ele disse que iria se entregar".

Minha vida acabou agora, minha filha vai ficar sozinha, tinha tanta coisa ainda para fazer" Era só o que se passava na minha cabeça. Os policiais pediram para ele soltar a arma, mas ele disse que só iria se tivesse a imprensa e se parassem de apontar o fuzil para ele. Até que outro policial pediu para abaixarem as armas. Quando baixaram, vimos a imprensa. Foi então que ele colocou a arma no chão e me liberou

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É uma sensação de nascer de novo. Tive a minha vida de volta, um alívio tremendo. Não desejo isso para ninguém. Estou me recuperando, recebendo o carinho da minha família e segunda volto ao trabalho

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