Tempo instável: Rio Grande do Sul tem 'racha térmico' e previsão de ciclone
As variações de temperatura criaram um "racha térmico" no Rio Grande do Sul nesta segunda-feira, segundo a MetSul: uma massa de ar frio com temperatura de inverno e uma massa de ar quente atuam na região.
Há poucas semanas, temporais no Rio Grande do Sul deixaram dezenas de mortos e milhares de desalojados. Agora, há previsão de novo ciclone. A primavera no estado também chega com tendência de chuva acima ou muito acima da média.
O que é racha térmico?
Um racha térmico ocorre quando há grande diferença de temperatura em diferentes regiões de uma localidade, neste caso, o estado do Rio Grande do Sul. Isso só é possível devido à presença de duas massas de ar opostas.
Uma frente semiestacionária está presente na região gaúcha e divide as duas massas de ar com características distintas: uma fria na metade sul e leste, com temperaturas mais baixas, e outra quente, na parte norte e noroeste, com mais calor. Isso cria um "duelo de forças" entre as duas massas de ar.
O Rio Grande do Sul fica numa zona de transição climática, então é normal ocorrer esses rachas térmicos em cima do território gaúcho à medida que frentes frias avançam. Frente fria tem de um lado o ar quente [ao norte], a chuva e logo atrás a massa de ar frio [ao sul].
Estael Sias, meteorologista da MetSul
As temperaturas às 5 horas desta segunda-feira variaram bastante: 7,2ºC em Pedras Altas; 8,4ºC em Herval; 9,7ºC em Bagé; 12,8ºC em Canela; 21,1ºC em Porto Vera Cruz; 20,4ºC em Porto Xavier; 20,1ºC em Horizontina; e 20ºC em Santa Rosa, que já havia registrado máxima de 37,8ºC no dia anterior.
A frente semiestacionária tem como característica instabilidade com muitas nuvens e chuva, que se concentram inicialmente no oeste, centro e pontos do sul e nordeste gaúcho. Pode haver pancadas locais fortes, raios e trovoadas, além de granizo.
Áreas com menos risco de chuva. Quanto mais ao sul do estado, onde está a área mais fria, e mais ao noroeste gaúcho, na área mais quente, a probabilidade de chuva é menor.
"Como esta faixa de instabilidade é estreita e ora se move um pouco para o sul [do estado] e para o norte, em vários pontos a chuva não é contínua e pode se alternar com períodos de menor nebulosidade e aberturas de sol. Só que estes períodos de melhoria temporária são breves e logo volta a chover", explicou a empresa de meteorologia.
Alerta de tempestade
O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um alerta laranja de perigo de tempestade válido de 0h até as 23h59 desta terça-feira (26). O aviso pega quase todo o Rio Grande do Sul e se estende por boa parte de Santa Catarina.
Chuva, ventos e granizo. O alerta fala da possibilidade de chuva entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos (60-100 km/h), e queda de granizo. Há ainda risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e alagamentos.
Um novo ciclone extratropical será formado em alto-mar próximo à costa de Santa Catarina e o litoral norte do Rio Grande do Sul entre a noite de terça-feira, 26, e a madrugada quarta, 27. Isso vai intensificar a instabilidade na região com muita chuva e vento, conforme a Defesa Civil gaúcha.
Restante do Brasil
Bolha de calor vai reduzir. "Nos próximos dias, a bolha de calor que está no centro do país tende a encolher e ficar mais restrita a Mato Grosso, Tocantins, Goiás. O ar mais frio 'ganha essa briga' sobre o Rio Grande do Sul e vai avançar na quinta-feira até o Paraná", afirma Estael.
Temperaturas despencam. Na quinta-feira, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul terão frio: as temperaturas despencam. "Marcas podem ficar por volta de 4ºC em pontos de maior altitude no Rio Grande do Sul. Enquanto isso, ainda vai ter calor e temperatura muito alta no centro do país e também em parte do Norte."