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Já foi de Uber ilegal? Congonhas faz manobra contra caçadores de passageiro

Aeroporto de Congonhas aumentou distância entre saída do desembarque Imagem: Luiza Vidal/UOL

Do UOL, em São Paulo

28/09/2023 04h00

Quem desembarca no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, logo encontra os motoristas "empurradores". Perto da saída, eles anunciam em voz alta corridas pelo Uber, mas sem a necessidade de pedir pelo aplicativo e esperar o veículo. Atuam de forma ilegal, sem qualquer registro nos órgãos responsáveis e fora da plataforma.

A Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), responsável pelo aeroporto, fez uma mudança recente na saída do local para dificultar a ação dos motoristas.

O UOL registrou a alteração na última semana: houve um maior distanciamento entre a saída específica para passageiros dos carros de aplicativo; antes, as portas centrais serviam de saída.

Além disso, de acordo com a Infraero, os pontos de sinalização foram reforçados, indicando aos passageiros o lugar correto para acesso aos serviços de transporte regularizados.

"Vale destacar que são distribuídos vigilantes ostensivos nas áreas ao redor do terminal, onde seja identificada a atuação dos 'empurradores', na tentativa de inibir tais ações", diz a nota.

Imagem: Luiza Vidal/UOL

O órgão explicou que o DTP (Departamento de Transportes Públicos), da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito da Prefeitura, gerencia, regulamenta, vistoria e fiscaliza os serviços de transporte realizado no local.

Apesar da mudança, comerciantes ambulantes que trabalham diariamente no local contaram ao UOL que ação não impediu o trabalho dos "empurradores" no local. Um dos vendedores disse que motoristas ilegais possuem, inclusive, "clientes fixos" —eles se dizem mais "habilidosos" para lidar com o trânsito de São Paulo e garantem os passageiros.

O que diz a prefeitura

Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio do DTP, informou que é responsável pela fiscalização do serviço de transporte em todas as regiões da cidade de São Paulo, incluindo o Aeroporto de Congonhas.

"Desta forma, a fiscalização do DTP é referente aos meios de transporte, ou seja, veículos e motoristas, não havendo competência legal do Departamento para coibir a ação de intermediadores", explicaram.

A equipe trabalha averiguando veículos não autorizados que efetuam transporte de passageiros, bem como táxi, aplicativos e fretamento para verificar o cumprimento das normas estabelecidas conforme legislação em vigor:

"Entre janeiro e agosto de 2023, foram fiscalizados 32.569 veículos no Aeroporto de Congonhas para averiguação de todos os itens previstos em lei, sendo que 879 deles foram autuados e 30 apreendidos".

'Empurradores' seguem no local

Na última quarta-feira (20), quando a reportagem esteve no local, um motorista ofereceu o serviço ilegal. Ele perguntou qual era o preço da corrida pelo aplicativo da Uber (R$ 30) e propôs um valor mais alto (R$ 50), mas com o "benefício" de seguir pelo corredor de ônibus —o veículo dele era um táxi preto.

Imagem: Luiza Vidal/UOL

Na prática, motorista e passageiro combinam o preço da corrida na hora, o que pode ser uma cilada para quem não conhece a cidade. Há relatos de passageiros que pagaram até 50% a mais no valor da corrida.

Lembrando que a utilização desse tipo de transporte, sem solicitação pelos aplicativos disponíveis ou por uma rede de táxis, não é recomendável e pode trazer riscos ao passageiro, que pode vir a ser vítima da ação de criminosos.

Em nota, a Uber esclarece que suas viagens, necessariamente, só podem ser realizadas por meio do aplicativo, no qual o usuário recebe informações do motorista parceiro, como nome, foto, além de modelo e placa do veículo. Pela plataforma da Uber, os motoristas passam por uma verificação de apontamentos criminais antes de ter acesso à plataforma.

"Dessa forma, qualquer viagem feita fora desses padrões não é uma viagem de Uber e, portanto, não dispõe das diversas ferramentas de tecnologia e processos de segurança oferecidos pela plataforma, nem é coberta pelo seguro de acidentes pessoais oferecido a usuários, convidados dos usuários e motoristas parceiros durante viagens", disse a empresa.

A Uber também reforça que motoristas que ofertam viagens fora da plataforma estão violando os termos e condições de adesão do aplicativo, além de um descumprimento ao que estabelece a Lei Federal. "Temos equipes e tecnologias próprias que constantemente analisam viagens suspeitas para identificar violações aos Termos e Condições e, caso comprovadas, desativar as contas dos envolvidos."

Denúncias sobre o transporte irregular de passageiros podem ser realizadas pelo portal SP156.

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