AGU pede que PF e a CVM apurem notícias falsas envolvendo Galípolo
A Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou, na noite desta quarta-feira (18/12), ofícios à Polícia Federal e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para que as instituições apurem possíveis crimes envolvendo o futuro presidente do Banco Central Gabriel Galípolo.
Um perfil na rede social X (antigo Twitter) divulgou declarações falsas atribuídas a Galípolo, em relação ao dólar, que hoje fechou em R$ 6,26, um recorde.
Com 3,5 mil seguidores, a conta conseguiu ampla repercussão ao ser replicada por influenciadores e analistas financeiros, aumentando a incerteza no mercado nesta semana.
A AGU pede que "sejam instaurados procedimentos policial e administrativo, respectivamente, para apuração de possíveis crimes contra o mercado de capitais, a partir da veiculação, em rede social, de desinformação envolvendo a política monetária brasileira, o Banco Central e seu futuro presidente, Gabriel Galípolo".
Segundo a AGU, a Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD) foi acionada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR) na última terça-feira (17), após a série de postagens atribuindo falsas declarações a Galípolo.
"As postagens trazem posicionamentos desprovidos de qualquer fundamento, prontamente desmentidas pelo Bacen, mas que ganharam repercussão significativa no mercado financeiro e em páginas e perfis especializados em análise econômica, fato que gerou impactos negativos na cotação do dólar", diz a AGU, em nota.
No ofício, a PNDD diz que a desinformação comprometeu a eficácia da política pública federal de estabilização cambial, evidenciando o elevado potencial lesivo de boatos neste contexto.
"Sabe-se que há relação direta entre a cotação de moeda estrangeira, notadamente o dólar, e os preços dos valores mobiliários negociados em bolsas de valores, tanto que a recente elevação do valor da moeda americana veio acompanhada de queda do montante de valores negociados no mercado de capitais", detalha trecho do documento.
Crime contra o mercado de capitais
A AGU argumenta ainda que as condutas fraudulentas podem configurar crime contra o mercado de capitais (manipulação do mercado).
"Manifestações em plataformas digitais não podem ser realizadas para gerar desinformação sobre políticas públicas nem minar a legitimidade das instituições democráticas, já que essas condutas podem causar prejuízos concretos ao funcionamento eficiente do Estado Democrático de Direito", diz a procuradora nacional da União de Defesa da Democracia, Karina Nathércia Lopes.
Falas falsas atribuídas a Galípolo movimentaram o mercado nesta semana. Em uma das falas falsas, Galípolo teria se referido ao dólar como "moeda estadunidense" e projetado sua cotação em R$ 5, provocando agitação entre investidores e analistas econômicos. Em outra fala falsa, o executivo teria dito que "a moeda dos Brics nos salvaguardaria da extrema influência que o dólar exerce no nosso mercado".
Galípolo é, atualmente, diretor de Política Monetária do Banco Central e assumirá o comando do banco em 2025, já que o mandato do atual presidente, Roberto Campos Neto, termina no dia 31 de dezembro.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.