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'Muito protetor': quem era o jovem assassinado junto com a mãe em SP

Maurício Silva Ferreira, ainda adolescente, com os colegas de escola, e com a amiga, Mayara Marques Imagem: Arquivo Pessoal

Colaboração para o UOL

12/10/2023 04h00

O sonho do arquiteto Maurício Ferreira Silva, 24, morador de Hortolândia e encontrado morto em Santa Bárbara d'Oeste (SP), era estudar, se formar e conseguir um bom emprego para "estruturar a família", segundo uma amiga próxima do rapaz. Maurício e a mãe, Fernanda Silva Bim, estavam desaparecidos desde o dia 3. O corpo do estudante foi localizado na sexta-feira (6), e reconhecido ontem por familiares.

O corpo de uma mulher, que a polícia acredita ser o de Fernanda, ainda aguarda por reconhecimento em Santa Bárbara d'Oeste. Ela foi encontrada em um matagal próximo ao local onde Maurício foi encontrado. Um suspeito de 53 anos, que seria ex-namorado da vítima, foi preso ontem temporariamente por envolvimento no crime, segundo a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo).

Maurício estudou arquitetura no Centro Universitário UniMetroCamp, em Campinas, e estava fazendo pós-graduação. Após trabalhar como assistente em algumas empresas, entre elas a Ancar Ivanhoe Shopping Centers, o jovem abriu seu próprio escritório, a Syde Arquitetura.

Em entrevista ao UOL, a estudante de enfermagem Mayara Marques, 24, contou que ela e Maurício sempre foram muito amigos, estudaram juntos durante o ensino médio e mantiveram um contato próximo, mesmo depois que ela se mudou para a capital paulista.

Eu entrei na escola, já tinha começado as aulas e ele foi uma das pessoas que chegou junto de mim para me ajudar, para eu me enturmar ali com os colegas. E ele era muito bagunceiro com a gente, mas, ao mesmo tempo, muito sério nos estudos. Gostava muito de estudar, pegava muito no meu pé, porque às vezes eu deixava alguma lição passar. Ele estava sempre disposto a ajudar,
Mayara Marques, amiga de Maurício

A estudante afirma que o jovem sempre comentava com ela que o seu maior sonho, seu objetivo, era "ser alguém na vida", alguém que os outros considerassem importante. Ela diz que ele falava muito em "estruturar a família". Se formar, conseguir um bom trabalho para ajudar na situação em casa.

"Ele era uma pessoa muito divertida, mas também muito protetor. Nossa senhora, ele tinha um instinto de proteção muito forte. Então era tipo assim: 'Não mexe com os meus', entendeu?", conta Mayara.

Maurício e a mãe, Fernanda, estavam desaparecidos desde o dia 3 Imagem: Reprodução/Facebook

Cantando em inglês

A estudante diz que Maurício gostava muito de cantar e canção preferida, entoada em dueto pelos corredores da escola, era a música Bang Bang, da cantora Nicki Minaj.

"Era um horror, porque a gente não sabia cantar em inglês, mas a gente improvisava e todo mundo ficava olhando para a nossa cara e rindo. Mas, mesmo assim, a gente continuava cantando e se divertindo. Mas também tinha o lado sério. A gente fazia parte do grêmio estudantil e o Maurício se esforçava muito em tirar notas boas na escola. Ele estudava muito, queria se destacar, dizia que queria crescer muito profissionalmente", afirma Mayara.

A morte de Maurício abalou Mayara. Ela diz que, desde que soube de seu desaparecimento, passou a postar tudo o que encontrava sobre o caso nas redes sociais, e buscou amigos para ajudarem na corrente de transmissão de informações.

Mayara diz que "perdeu o chão" ao saber que Maurício havia sido encontrado morto. E ficou ainda mais abalada quando soube das circunstâncias que cercaram sua morte. "Ele foi assassinado, de forma muito desumana. Para mim, que sou amiga, está sendo horrível. Todos os nossos amigos continuam chocados", declarou.

A estudante agora tenta descobrir dia e horário do velório e do funeral do amigo. Segundo ela, está muito difícil localizar alguém da família e as informações continuam muito desencontradas.

Entenda o caso

Fernanda e Maurício teriam sido assassinados após a mulher cobrar um dinheiro que havia emprestado para o ex. Segundo informações apuradas pela EPTV, afiliada da TV Globo, junto à polícia, o ex-companheiro pediu a quantia para ele e prometeu investir o valor, mas nunca a pagou de volta.

Ele então teria marcado um encontro com Fernanda para quitar a dívida. Com medo, ela teria decidido levar o filho. No local do encontro, o ex-companheiro a teria agredido e assassinado mãe e filho. Depois, abandonou os corpos. Em seguida, ele foi até a casa da família e bateu na mãe da ex-companheira, que está hospitalizada.

Em nota, a SSP-SP informou que o caso está sendo investigado pelo 2° DP de Hortolândia. "Diligências seguem e a autoridade policial aguarda a conclusão de exames periciais para análise e conclusão do caso", diz o órgão.

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