'Meu filho lembrou de mim': jovem viraliza ao mostrar visitas à mãe presa

Diogo Herrera, 24, é figura conhecida na Penitenciária Feminina da Capital, em São Paulo. Há 4 anos e 10 meses ele faz visitas à mãe, Ivonete. O jovem mostra os bastidores de suas viagens à cadeia no TikTok— matando a curiosidade dos seguidores.

Os vídeos com mais audiência são os que mostram os "jumbos" que o rapaz leva para ela. As encomendas, cheias de itens que não são oferecidos na prisão, incluem doces, produtos de beleza e até mesmo acessórios.

"Os itens seguem um padrão da lista que a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) disponibiliza. Por exemplo: dois bolos, um pão e por aí vai. Mas mando coisas além do básico também, como brincos, esmaltes de unha, creme de rosto. Minha mãe fica super feliz quando recebe, é um: 'meu filho lembrou de mim, ele sabe das coisas que eu gosto'. Isso dá muita satisfação, eu amo."

Jumbo inclui lista de itens determinados pela SAP, mas Diogo também leva presentes para a mãe
Jumbo inclui lista de itens determinados pela SAP, mas Diogo também leva presentes para a mãe Imagem: Reprodução/TikTok

Desempregado, Diogo viu nas redes sociais a possibilidade de uma nova renda, mostrando um lado muito diferente do das "cunhadas" — as mulheres de preso, que já formam um nicho bem-sucedido nas redes.

Apesar do sucesso, a renda ainda não é suficiente para cobrir todas as despesas das visitas. O rapaz recém-casado recebe ajuda do marido, da irmã e de ex-cunhadas de Ivonete para manter os cuidados com a mãe — mas destaca que a realidade dela é bem diferente da de outras presas, que se veem sozinhas dentro do cárcere.

"As cadeias femininas são muito carentes de visitas. Quando minha mãe estava em regime fechado eu não via muitos filhos indo visitar, quem mais ia nas visitas eram irmãs, mães e, com menos frequência, pais. Já fiz amizades incríveis na fila", conta.

Há alguns meses, Ivonete conseguiu o direito de cumprir a pena por tráfico de drogas em regime semiaberto. Desde então, Diogo vai às visitas sempre aos finais de semana — isso porque o jovem mora longe da penitenciária.

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Ele sai de casa às 7h40 e chega às 9h no local. A fila para entrar prende o rapaz na porta por mais ou menos duas horas, mas das 11h às 16h ele consegue aproveitar o dia ao lado da mãe, no pavilhão da cadeia.

"Essas visitas vieram como um furacão. Eu não sabia o que fazer e fui obrigado a viver essa experiência louca", confessa o rapaz, que lembra da confusão que viveu em sua primeira ida à prisão.

"Eu levantei 3 da manhã, depois de nem conseguir dormir, e fui pra porta da cadeia. Uma senhora chegou e perguntou se eu era novo lá. Ela pegou minha mão e falou: 'vem, vou te orientar'. Cheguei na "buqueta" — onde a gente entrega os documentos para entrar na cadeia — e já fui pra fila da revista da comida. Depois fui para o scanner. Nisso tudo, o nervosismo estava me corroendo."

Depois de ser liberado para entrar na penitenciária, Diogo ainda passou por momentos de angústia em busca da cela da mãe. Dessa vez, uma das detentas foi a responsável por ajudá-lo a reencontrar Ivonete.

Ela veio na minha direção e falou: 'Você veio ver quem?'. Eu respondi que era minha mãe e ela perguntou se eu sabia aonde era a cela. Como eu não sabia, ela foi atrás para saber. Subindo a escada eu ouço um 'psiu', olhei pra cima e minha mãe já desceu a escada correndo, me abraçando, me beijando e chorando horrores. A pior parte foi ir embora, só queria que a semana passasse logo pra voltar.

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Cozinheira na prisão, Ivonete sonha em ter restaurante

A mãe de Diogo foi presa pela primeira vez em 2010. À época, ela foi submetida a uma audiência e liberada, segundo o filho.

Tudo mudou em 2011, quando o Ministério Público voltou atrás e pediu a prisão de Ivonete. De acordo com o rapaz, a mulher passou anos sem saber que era procurada e descobriu sobre a nova decisão apenas em 2019, quando foi presa enquanto chegava em casa depois do trabalho.

"Meu maior sonho, no momento, é ver minha mãe saindo pela porta da frente de cabeça erguida, sem dever nada para a Justiça. Quero ser o homem mais feliz do mundo ao lado dela, o resto vai ser consequência da nossa luta juntos", diz Diogo.

Ele conta que a mãe, analfabeta, chegou a estudar por dois meses dentro da prisão e aprendeu algumas palavras — incluindo o próprio nome.

Ivonete só deixou os estudos para realizar um sonho maior, quando a cozinha da unidade abriu uma vaga para as detentas.

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"Ela ficou trabalhando na cozinha da unidade durante 1 ano e 5 meses e ganhou remição para ir para o semi aberto. Minha mãe tem um emprego esperando ela aqui na rua, mas o maior sonho dela é abrir um restaurante", detalha.

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