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RJ: 35 ônibus e trem são incendiados; 12 são presos após morte de miliciano

Do UOL, em São Paulo

23/10/2023 16h49Atualizada em 23/10/2023 19h54

Ao menos 35 ônibus foram incendiados e diversas vias estão interditadas na zona oeste do Rio de Janeiro, segundo a Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus da cidade do Rio. Veículos foram queimados após a morte de um miliciano, nesta segunda-feira (23). Um trem também foi incendiado.

O que aconteceu:

Foram incendiados 20 ônibus de operação municipal, cinco BRTs e os demais são veículos de turismo e fretamento. A mobilidade está comprometida em corredores como a Avenida Santa Cruz, Avenida Cesário de Melo e a Avenida das Américas.

Este é o maior número de ônibus queimados em um único dia na história do município do Rio, segundo informou o sindicato ao UOL.

As linhas de BRT do corredor Transoeste foram temporariamente suspensas na tarde desta segunda-feira, segundo a Mobi-Rio, "por questão de segurança".

O primeiro ônibus que pegou fogo estava na Rua Felipe Cardoso, na altura do BRT Cajueiros, em Santa Cruz, na zona oeste. A informação é do COR-Rio (Centro de Operações Rio), órgão da prefeitura que monitora a cidade por meio de câmeras.

Ao menos 12 pessoas já foram presas por envolvimento nos incêndios, disse a Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Equipes do Grupamento Aeromóvel da Polícia Militar sobrevoam os locais onde ônibus foram queimados, na zona oeste. A PM também informou que policiais reforçam a segurança na região.

Segundo o COR-Rio, os incêndios provocam reflexos em Guaratiba, Inhoaíba, Paciência, Cosmos, Santa Cruz e Magarça.

O município do Rio entrou em "estágio de atenção" a partir das 18h40 em razão dos ataques aos ônibus, informou o COR-Rio. "O Estágio de Atenção é o terceiro nível em uma escala de cinco e significa que uma ou mais ocorrências já impactam o município, afetando a rotina de parte da população."

O porta-voz do Rio Ônibus, Paulo Valente, afirmou que "o crime contra o setor de transporte por ônibus virou rotina no Rio de Janeiro". "Mais de 20 ônibus que atendem a população carioca foram incendiados por criminosos", disse.

Valente ressaltou ainda que o que aconteceu hoje evidencia "a inação do Estado diante desses episódios de violência extrema, em que o direito de ir e vir do cidadão é esquecido".

Pelo menos 32 escolas interromperam as aulas em função dos ataques.

Após ônibus, trem é incendiado

Um trem que saía de Santa Cruz sentido Central, às 18h04, foi abordado por bandidos nas proximidades da estação de Tancredo Neves, informou a SuperVia, em nota.

Os criminosos atearam fogo à cabine de um trem. Segundo a SuperVia, o maquinista foi obrigado pelos bandidos a abrir a porta, a descer da composição e teve que retornar à estação.

Todos os passageiros desembarcaram em segurança. "A SuperVia segue monitorando e atuando em conjunto com as forças policiais para garantir, principalmente, a segurança dos colaboradores e passageiros", esclareceu a concessionária de transporte ferroviário.

Morte de miliciano

O miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos Teteu e Faustão, morreu Imagem: Reprodução

O miliciano que morreu foi identificado como Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos Teteu e Faustão.

Matheus é sobrinho de Luis Antonio da Silva Braga, ou "Zinho", o primeiro homem da maior milícia do Rio, que atua na zona oeste. Zinho herdou o comando da organização após a morte do seu irmão, o Wellington da Silva Braga, o Ecko, em 2021.

Matheus foi morto hoje durante uma suposta troca de tiros com a Polícia Civil durante uma operação na região de Três Pontes, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio. A ação teve o apoio da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais; que é o grupo de eleite da Polícia Civil do estado), Polinter e unidades especializadas, informou o jornal O Globo.

"Teteu" é apontado em investigações, segundo o jornal, como o principal homem de guerra de Zinho na disputa de territórios contra os rivais. Ele seria o responsável por chefiar as rondas feitas pela milícia do tio dentro da zona oeste.

Na operação que Teteu morreu, uma criança de dez anos foi atingida de raspão na perna por uma bala perdida. Não há informações sobre o estado de saúde dela.

Matheus era considerado pela polícia como o segundo homem na atual hierarquia da maior milícia do Rio, comandada pelo seu tio.

Cláudio Castro parabeniza policiais por 'prisão' de miliciano

Em publicações no X (antigo Twitter) nesta tarde, o governador do estado, Cláudio Castro (PL), parabenizou os policiais pela prisão do Faustão ou Teteu, definido pelo político como "o braço direito e sobrinho do miliciano Zinho".

Não vamos parar! Nossas ações para asfixiar o crime organizado têm trazido resultados diários. Hoje demos um duro golpe na maior milícia da Zona Oeste. Além do parentesco com o criminoso, ele atuava como "homem de guerra" do grupo paramilitar, sendo o principal responsável pelas guerras por territórios que aterrorizam moradores no Rio.
Cláudio Castro, governador do RJ

Castro afirmou que todo o contingente das polícias Civil e Militar está nas ruas para "garantir" que a ordem seja reestabelecida. Declaração foi feita em coletiva de imprensa, realizada na noite de hoje (23).

O governador disse que a polícia busca prender os maiores líderes das facções criminosas. "É nosso compromisso, e eu já tenho dito. Prender, principalmente, os três maiores líderes do tráfico e da milícia do Rio de Janeiro".

Cláudio Castro ressaltou que um plano de contingência já está ativo desde os primeiros ônibus incendiados. "Todo o contingente da Polícia Militar e da Polícia Civil está nas ruas garantindo que a ordem seja reestabelecida. E que a vida da população volte ao normal. Queria lamentar o ocorrido no dia de hoje e os transtornos, mas queria garantir que nós não arrefeceremos em nada na luta contra a criminalidade."

Ele disse ainda que não tem dúvida de que a terça-feira (24) será um dia "com mais ordem". Castro destacou que ligou para o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e para o ministro da Justiça, Flávio Dino. "Para que nós possamos juntos garantir a população do Rio de Janeiro que o crime organizado terá em nós uma fronteira firme, entre a lei, a ordem e o que eles querem fazer no estado".

Já o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), chamou um homem de "bandido e burro" ao compartilhar uma notícia sobre um criminoso flagrado ateando fogo em um ônibus na zona oeste do Rio. Ele acusou os milicianos de queimarem os ônibus que "são pagos com o dinheiro do povo para protestar contra a operação policial".

E para piorar, tivemos que interromper serviços de transporte na zona oeste para que não queimem mais ônibus. Ou seja, únicos prejudicados: moradores das áreas que eles dizem proteger! Essa gente precisa de uma resposta muito firme das forças policiais! Como prefeito, apelo ao Governo do Estado e ao Ministério da Justiça para que atuem para impedir que fatos assim se repitam.
Eduardo Paes, prefeito do Rio

(Com Estadão Conteúdo)

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