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Brasileiro é preso com 43 kg de droga; como agem bandidos que trocam malas?

Colaboração para o UOL

30/10/2023 12h46

Mais um brasileiro foi preso após ter malas carregadas com drogas durante uma viagem. O caso aconteceu com Ahmed Hasan, de 37 anos, que viajou com a família para a Turquia em outubro de 2022.

Hasan é líbio e tem cidadania brasileira. Ele é acusado por tráfico internacional de drogas na Turquia depois que 43 kg de cocaína foram encontrados em malas levadas com o nome dele e da esposa.

As investigações apontam que houve troca de etiquetas e miram ainda a movimentação de um ônibus de transporte de passageiros.

Ahmed Hasan e a esposa serão julgados após malas com cocaína serem embarcadas em nome deles Imagem: Fantástico/TV Globo

Como é o esquema

Família despachou bagagem normalmente. Eles despacharam dois carrinhos de bebê e seis malas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A família se mudava para a Líbia após dois anos vivendo no Brasil, segundo reportagem do Fantástico, da TV Globo.

Chegada ao destino também foi tranquila. Ao desembarcar em Istambul, na Turquia, tudo correu normalmente. Eles permaneceram alguns dias na cidade e, depois, seguiram para a Líbia.

Confusão ocorreu meses depois da viagem. Em maio deste ano, Hasan voltou à Turquia em uma viagem de trabalho. No desembarque, ele foi preso acusado de tráfico internacional de drogas.

Malas com cocaína saíram de Guarulhos quatro dias depois da primeira viagem da família. A polícia afirma que as etiquetas dos carrinhos de bebê foram retiradas pelos criminosos dentro do aeroporto.

As etiquetas das bagagens da família foram guardadas e utilizadas para despachar as malas com a droga em outro voo. A carga, porém, foi interceptada pela polícia turca.

Ônibus também está na mira. Os investigadores da Polícia Federal suspeitam da movimentação de um ônibus de transporte de passageiros, já que um veículo sai do aeroporto e só retorna à noite, mostrou uma gravação divulgada pela emissora. Às 21h40, esse ônibus vai para um galpão acompanhado de outro veículo, em um local que não há câmeras de segurança.

Uma carretinha que leva cargas para os aviões e que teria levado a cocaína do ônibus para o avião passa em direção ao galpão logo em seguida. Segundo a polícia, é o mesmo carro que aparece ao lado do avião da Turkish Airlines, que a família de Ahmed pegou em outubro do ano passado.

Um relatório da Polícia Federal foi enviado às autoridades do país. Hasan será julgado no dia 30 de novembro. Se condenado, pode pegar pena de até 30 anos de prisão.

Passageiros em Guarulhos; investigações indicam troca de etiquetas das bagagens Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

Caso semelhante ao de casal de brasileiras

Suspeita é de que a ação tenha sido da mesma quadrilha que levou à prisão de brasileiras na Alemanha, segundo o Fantástico. Em março deste ano, a personal trainer Kátyna Baía e a médica veterinária Jeanne Paolline embarcaram em um voo em Goiânia, com destino à Europa. Elas fizeram uma escala no aeroporto de Guarulhos.

Etiquetas retiradas. A investigação da Polícia Federal apontou que as etiquetas das bagagens de ambas foram retiradas e colocadas em duas malas com cocaína.

Malas com drogas foram levadas diretamente ao guichê. Câmeras de segurança do aeroporto mostraram o momento em que duas mulheres chegam com as malas carregadas com a droga. Elas se comunicam pelo celular e despacham as malas com uma funcionária do guichê de uma companhia aérea sem apresentar qualquer documento. A bagagem foi levada ao mesmo contêiner onde estavam as malas de Kátyna e Jeanne.

Funcionários do aeroporto teriam sido os responsáveis por retirar as etiquetas da bagagem das vítimas e colocá-las nas malas com cocaína, segundo a PF.

Ao desembarcarem na Alemanha, as brasileiras foram presas. Elas foram soltas depois que a polícia e o Ministério Público da Alemanha analisaram imagens enviadas pelas autoridades brasileiras.

À época, a PF prendeu seis funcionários do aeroporto de Guarulhos que estariam envolvidos no esquema.

O que dizem o aeroporto e a Anac

A GRU Airport, que administra o aeroporto de Guarulhos, disse ao Fantástico que as companhias aéreas são responsáveis pelas bagagens.

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), por sua vez, afirmou que a concessionária tem até dezembro de 2023 para aprimorar a segurança, instalando mais câmeras, por exemplo.

A companhia Turkish Airlines não comentou.

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