Professora presa injustamente no Rio perdeu a própria formatura, diz defesa
A professora que foi presa por engano por um crime que aconteceu quando ela tinha 10 anos de idade perdeu sua cerimônia de formatura porque ainda estava detida.
O que aconteceu
Samara de Araújo Oliveira, de 23 anos, celebraria a conclusão do curso de Matemática pela UFF (Universidade Federal Fluminense) no sábado (25), mas foi solta apenas hoje, confirmou o advogado que atuou no caso, Marcos Gois, ao UOL.
Samara foi presa no dia 23 de novembro enquanto lecionava, acrescentou o advogado. O mandado de prisão foi expedido pela 6ª Vara Mista de Sousa, na Paraíba, no âmbito de uma investigação de um crime de extorsão que aconteceu em 2010. Na época, ela tinha apenas 10 anos.
O advogado classificou como "absurdas" tanto a ordem de prisão como a demora para soltar Samara. O alvará de soltura foi expedido no início da tarde de quarta-feira (29) pela Justiça da Paraíba, mas Samara só saiu da prisão na manhã de sexta (1º), após a defesa ingressar com um pedido no plantão judiciário do Rio de Janeiro.
[Samara] ficou distante da família, distante da criança da filha que ela tem, por mais de uma semana. Tudo por conta de um equívoco do Tribunal de Justiça da Paraíba, que obviamente não deveria ter feito o que fez. E, posteriormente, [pela] comunicação entre Paraíba e Rio de Janeiro para o cumprimento do alvará de soltura.
Marcos Gois, advogado
A família considera pedir uma indenização pelos oito dias de Samara na cadeia. A professora, porém, ainda não se manifestou sobre o assunto, relatou o advogado ao UOL.
Entenda o caso
A prisão ocorreu após os criminosos utilizarem o documento de Samara para cometer um crime de extorsão em 2010. "Vale ressaltar que a prisão decretada em momento anterior, em face da referida acusada, depreendeu-se a partir de parcas [poucas] informações trazidas aos autos pelas partes", disse a Justiça da Paraíba no pedido de soltura.
A defesa de Samara afirmou que a 6ª Vara Mista de Sousa, na Paraíba, pediu o mandado de prisão para forçar que Samara se manifestasse no processo, já que outras pessoas acusadas já haviam sido julgadas. Porém, não houve uma checagem das informações para saber se a professora poderia ser, de fato, a autora dos crimes.
Nem o Ministério Público, nem o juiz, nem a própria delegacia, que investigou o crime, se atentou em solicitar mais informações, seja à Caixa Econômica Federal, que era o banco onde os valores foram depositados, seja a qualquer sistema do governo, porque o governo hoje tem um amplo acesso a informações pessoais. Nada disso foi requerido, foi solicitado, foi produzido. Houve uma deficiência muito grande dos órgãos da Paraíba nesse sentido.
Marcos Gois, advogado
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