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Jovem diz que usou pé para parar ataque a faca; amigos dela foram mortos

A assistente de loja Clarissa Maria de Mendonça, de 24 anos, sobreviveu a um ataque a faca, em Londrina (PR) Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

11/12/2023 00h20

A assistente de loja Clarissa Maria de Mendonça, de 24 anos, que sobreviveu a um ataque a faca, relatou que usou o próprio pé para prender a mão do agressor, enquanto tentava convencê-lo a levá-la até uma unidade de saúde em Londrina (PR).

O que aconteceu:

Dois amigos de Clarissa, porém, morreram no ataque, promovido por um homem que dizia ser apaixonado pela sobrevivente, segundo as autoridades.

Segundo as investigações, no dia 3 de setembro, por volta das 2h, Aaron Dalesse Dantas invadiu o quintal da casa de Clarissa após já ter observado o local pouco tempo antes. Júlia Garbossi, 23, que morava com a jovem, estava em um quarto; Clarissa e Daniel Takashi, 22, que iniciavam um relacionamento amoroso, estavam em outro cômodo, segundo o Fantástico (TV Globo).

Aaron entrou na casa, que estava com a porta aberta, e sufocou Clarissa com uma mão, enquanto golpeava Daniel a facadas com a outra mão. As mãos da assistente de loja foram atingidas pela arma branca.

Em certo momento, o homem soltou a garganta de Clarissa em meio aos ataques a Daniel e a assistente começou a chamar pelo nome de Júlia, que apareceu no cômodo.

Aí ele [Aaron] foi para cima da Júlia. Eles foram caminhando em direção à sala, e eu subi no sofá para tentar conseguir tirar ele de cima da Júlia. Ele parou de atacar a Júlia depois que ela caiu no chão e ele veio para cima de mim. Segurei a faca dele, comecei a empurrar para trás e, com alguma força maior assim, eu consegui, com o pé, parar a mão dele com a faca. Eu entrei em estado de choque e só dizia: 'você matou meus amigos'.
Clarissa Maria, à TV Globo

Neste momento, Clarissa disse ter percebido que Aaron não a mataria até "ele falar tudo o que queria falar". "Então, eu falei: 'você não vai conseguir falar tudo que você tem para falar porque eu estou perdendo muito sangue. Eu vou desmaiar antes, eu vou morrer'. Foi aí que eu o convenci a me levar até uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento]."

Aaron chamou um carro por aplicativo, combinou que a jovem dissesse que eles tinham sofrido um assalto e a acompanhou até a unidade de saúde. O homem ficou com o celular de Clarissa e ameaçou que mataria os amigos e parentes dela, caso falasse a verdade. Ele foi preso ainda na unidade de saúde.

Clarissa explicou que conheceu Aaron em um bar onde trabalhava, em 2022. O rapaz se declarou para ela, mas a jovem disse que não era recíproco. Depois do "não", Aaron começou a ser invasivo durante meses e criou perfis para tentar contato com Clarissa. "Ele falava de mim de formas assustadoras, de 'tem que ser você', 'você tem que ser minha'", disse Clarissa.

Simulação do ato feito pela assistente de loja Clarissa Maria para interromper o ataque a facas Imagem: Reprodução/TV Globo

Indiciamento e defesa

A Polícia Civil indiciou Aaron por duplo homicídio qualificado de Júlia e Daniel, e tentativa de feminicídio contra Clarissa.

Porém, o Ministério Público denunciou o homem por tentativa de homicídio qualificado e descartou a tentativa de feminicídio, adicionando o crime de stalking (perseguição) contra a assistente na denúncia.

Atualmente, Aaron está preso no Complexo Médico Penal em Curitiba. Em nota à emissora, a defesa dele afirmou aguardar a realização de "incidente de sanidade mental", ou seja, exame para verificar a saúde mental do cliente. A solicitação espera a autorização judicial. "Aguardaremos a conclusão do laudo para se manifestar de maneira mais embasada e esclarecedora", informou o escritório Furlan e Issao, advogados associados.

Sobrevivente desabafa

Clarissa disse esperar que a justiça seja feita por ela e seus amigos. A jovem fez cirurgias, mas ainda não recuperou o movimento das mãos em razão das facadas. Ela também mudou de cidade e ainda não conseguiu voltar a trabalhar após o ataque.

Eu espero, do fundo do meu coração, que a justiça seja feita por mim e pelos meus amigos. E que ele receba o máximo de pena possível. Eu espero nunca rever esse homem solto. (...) Eu vivo por mim, pela Júlia e pelo Daniel. Eu vou viver o triplo. Eu não vou ter vergonha de existir. Esse acontecimento não me resume.
Clarissa Maria, à TV Globo

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