'Várias infiltrações': moradores culpam construtora após muro desabar em SP

Um muro de um edifício no bairro Jardim Germânia, na zona sul de São Paulo, desabou após o temporal de quarta-feira (10).

O que aconteceu

Moradores da comunidade apontam descaso por parte da construtora responsável pelo edifício. Ao UOL, pessoas que vivem em casas na região afetada disseram que, desde a construção do condomínio, água corre por baixo da encosta que desabou, e eles acreditam que isso causou o desmoronamento.

"Essa infiltração não é de hoje", declara Eudiane Ferreira, moradora da comunidade. "Desce água aí desde que eles estavam construindo esse prédio, desde 2019", acrescenta. O temporal provocou uma erosão em um trecho entre um condomínio e casas no Jardim Germânia.

Já a construtora alega que houve uma escavação irregular no local. Segundo a Plano&Plano, "essa interferência externa e independente descalçou a sustentação do muro de divisa do empreendimento e, tal ação, combinada com as fortes chuvas recentes, levou à queda do muro".

Por "risco de ruína", houve o pedido para a interdição de cinco casas irregulares próximas ao deslizamento. A ação preventiva partiu da subprefeitura do Campo Limpo e da Defesa Civil.

Construtora fez obra emergencial após desabamento
Construtora fez obra emergencial após desabamento Imagem: Uesley Durães/UOL

As casas chegaram a ser desocupadas, mas as pessoas já voltaram aos imóveis. De acordo com a Defesa Civil do estado, as famílias dessas residências estão sendo assistidas pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da cidade.

A responsável pela obra e a Defesa Civil informam que não há chance de o prédio cair. A empresa ainda encaminhou, na tarde de ontem, uma equipe para terraplanar e reparar os estragos feitos durante o deslizamento.

Os moradores continuam nas casas; com a previsão de novas chuvas, temem por novas quedas de terra. Apesar de terem se tranquilizado após a Defesa Civil informar que não há risco de queda do edifício, eles têm receio de que mais água desça e que o córrego, que passa logo abaixo das casas, transborde.

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O que dizem os moradores

Eles não falaram com a gente. Mandamos vídeos para eles, para a construtora, para a prefeitura. Um foi empurrando para o outro. E agora, como tem muito jornal, eles [construtora] apareceram colocando a culpa na gente.
Eudiane Ferreira, moradora da comunidade

Eu sou um simples encanador, não sou técnico, mas sou encanador, e acredito que isso aí está errado. Isso já vazou muito. Desce água direto. A tubulação está errada. Tá jogando tudo aqui.
Jessé Jesus, morador da comunidade

A gente já tentou fechar aquilo ali algumas vezes porque desce água e invade a casa. A gente não dava conta de tanto esgoto descendo. Mas não teve solução. Até agora eles nunca vieram ajudar, mas a corda sempre rompe para o lado mais fraco.
Eudiane Ferreira

Moradores da comunidade dizem que infiltração pode ter causado o desabamento
Moradores da comunidade dizem que infiltração pode ter causado o desabamento Imagem: Uesley Durães/UOL

Construtora aponta "escavação irregular"

Após mais de 3 anos da entrega do empreendimento, fomos informados pelo condomínio de uma escavação irregular, por parte de terceiros, no talude externo e contíguo ao empreendimento, em área de preservação permanente.
Nota enviada pela construtora

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Os moradores rebatem a acusação de irregularidade. Ao UOL, o grupo de residentes da comunidade disse que eles pagaram pelo terreno e possuem a documentação do local.

Para gente morar aqui a gente planejou, comprou isso aqui. Viemos em muita gente para cá. O terreno era particular e a gente se uniu e foi ver para comprar. Montamos meio que uma associação para a gente morar. E o que vale é o documento, né?
Eunice Ferreira, moradora da comunidade

Os moradores disseram que estão ali desde meados de 2018 e 2019. O prédio, segundo nota da construtora, foi entregue em 2021.

As obras emergenciais devem continuar pelos próximos dias, afirmou a construtora. Segundo homens que trabalham no local, é "difícil" uma nova chuva levar o aterramento, as pedras e a manta de plástico colocada no local.

O que diz a Defesa Civil

A Defesa Civil informa que mantém o monitoramento do local. Em nota, o órgão disse que aguarda laudo técnico da construtora.

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Cinco moradias irregulares construídas ao lado do condomínio foram desocupadas e as famílias estão sendo assistidas pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social do município. A torre do condomínio próxima ao muro não foi afetada e não será interditada imediatamente. Nos próximos dias, a construtora deverá apresentar um laudo técnico junto à subprefeitura de Campo Limpo.
Nota da Defesa Civil

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