Conteúdo publicado há 10 meses

Mulher indígena é assassinada na Bahia e dois fazendeiros são presos

Uma mulher pataxó foi assassinada hoje em Potiraguá, sul da Bahia, após fazendeiros tentarem expulsar indígenas que ocupavam uma fazenda na região. Dois homens foram presos sob a suspeita de ligação com o homicídio.

O que aconteceu

Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, foi baleada e morreu. Ela chegou sem vida à unidade básica de saúde do município de Potiraguá, segundo a secretária de saúde do município, Keila Teixeira.

O cacique Nailton Pataxó, irmão de Nega Pataxó, também foi baleado e encaminhado para cirurgia. Não há informações sobre o estado de saúde dele.

Dois fazendeiros foram presos sob a suspeita de terem atirado, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP). Eles portavam armas de fogo no momento da detenção.

Os fazendeiros chegaram atirando. Na confusão, quem conseguiu fugiu. Meu filho e minha neta estão entre os que ainda não apareceram.
Manoel Muniz, irmão de Nega Pataxó e do cacique Nailton Pataxó

Disputa por terra

Nega Pataxó e Nailton Pataxó integravam um grupo de cerca de 50 indígenas que ocupavam uma fazenda em Potiraguá desde quinta-feira. Segundo o irmão das vítimas, Manoel Muniz, a ocupação tinha o objetivo de pressionar as autoridades "a devolver o que é historicamente nosso". Indígenas de cinco aldeias da região participavam do movimento.

Há mais de 20 anos, indígenas e fazendeiros estão em disputa na região de Potiraguá. O conflito se intensificou no ano passado, devido à votação do Marco Temporal no STF (Supremo Tribunal Federal).

A fazenda ocupada pelos pataxó está fora dos 54 mil hectares já demarcados como reserva indígena. Mas os indígenas dizem que estudos antropológicos comprovaram que a área é historicamente ocupada pela etnia.

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Após a ocupação, um grupo chamado "Invasão Zero" convocou para a "retirada dos índios" da fazenda neste domingo. O chamamento citava uma ação "ordeira e pacífica" para "reintegração da fazenda do Sr. Américo Almeida". O UOL tentou entrar em contato com o grupo, mas não obteve resposta.

Imagens compartilhadas hoje por integrantes do grupo mostram que eles se concentraram próximo da área ocupada pelos indígenas. Em seguida, se dirigiram para a ocupação.

Indígenas e fazendeiros mencionaram a participação da polícia na tentativa de desfazer a ocupação. A SSP-BA nega. Diz ainda não ter conhecimento de nenhuma ordem judicial de reintegração de posse no local.

Um fazendeiro foi atingido por uma flecha e recebeu atendimento médico, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia.

Outros pataxós estão desaparecidos, de acordo com Manoel Muniz.

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