Fugitivos de Mossoró fizeram reféns, roubaram celular e ligaram para o RJ
Os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) fizeram uma família refém ontem à noite, segundo investigadores. A dupla teria feito ligações para o Rio de Janeiro com um dos dois aparelhos levados das vítimas.
O que aconteceu
Eles invadiram a casa de uma família à noite, onde permaneceram por cinco horas. A localização do imóvel está dentro do perímetro de 15 km das buscas - eles já haviam sido vistos por moradores nessa mesma área, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Inicialmente, os detentos teriam simulado que estavam armados, olharam as redes sociais e se alimentaram nessa casa também. Rogério da Silva Mendonça, 36, e Deibson Cabral Nascimento, 34, fugiram na madrugada de quarta-feira do presídio de Mossoró.
Ligações para o DDD 21 pelo WhatsApp. Uma das vítimas disse que Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento pegaram um dos celulares da casa para fazer chamadas e que uma das pessoas com quem falaram tinha sotaque carioca e disse estar no Rio de Janeiro.
Detentos planejam chegar ao RJ, diz secretário. Victor Santos, secretário da Segurança Pública do Rio, diz que os fugitivos pretendem chegar às favelas cariocas, sob o domínio do Comando Vermelho, mesma facção criminosa deles.
Fugitivos fizeram perguntas sobre rotas e bloqueios. Os detentos perguntaram aos reféns como chegar ao Ceará, se estavam longe do litoral e se havia bloqueios de policiais no entorno.
Como estava a aparência deles. Um deles estava com uma calça azul com as mesmas características do uniforme do presídio, ambos usavam boné e estavam com aparência suja.
Fuga a pé. Os detentos deixaram o imóvel a pé, ainda que houvesse um carro e uma moto no local.
A informação dos investigadores é que o "cerco está se fechando". A família feita refém relatou também que um dos fugitivos ainda usavam uma roupa da penitenciária. Eles teriam falado que eram os detentos fugitivos.
Ontem, uma camiseta de uniforme de presídio foi encontrada em região de mata. A peça foi localizada na zona rural de Mossoró na manhã de sexta e pode ter sido usada por um dos detentos que fugiu do presídio.
O trabalho de procura conta com a participação de cerca de 300 agentes. Entre eles, policiais federais, policiais rodoviários federais, policiais civis e policiais militares. Há ainda a participação da Polícia Penal Federal e da Polícia Penal do Rio Grande do Norte, que atuam com os grupos de operações especiais e de cães.
Buraco na parede de cela
Detentos abriram um buraco no local em que estava instalada a luminária. O registro da imagem foi feito pela força-tarefa coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
As celas onde estavam os presos passam por perícia. Pertences dos detentos, como lençóis e objetos pessoais, também são examinados.
Essa foi a primeira fuga em um presídio de segurança máxima no país. Segundo o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, houve falha em uma série de protocolos.
Em coletiva à imprensa, ele afirmou que os presos teriam tido acesso às ferramentas usadas na reforma do presídio. Os equipamentos "não estavam acondicionados e trancados", disse o ministro.
Câmeras e luzes não estavam funcionando adequadamente, disse ministro. Lewandowski afirmou ainda que a fuga "custou pouco" pelo fato de os presos terem utilizado as ferramentas que estavam no local.
Defeitos na construção do presídio também foram apontados. A saída pelo teto teria sido possível porque a construção é de alvenaria e não de concreto. "A proteção deveria ter sido mais eficiente", avaliou Lewandowski.