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Grávida picada por aranha: 'Pele estava necrosando, tinha veneno no sangue'

Ketisley Aparecida Freitas Lessa, de 29 anos, foi picada por aranha-marrom Imagem: Arquivo Pessoal

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

28/02/2024 04h00

A bacharel em direito Ketisley Aparecida Freitas Lessa, de 29 anos, moradora de Apiaí (SP), foi picada por uma aranha-marrom e teve parte da pele da perna direita necrosada. O acidente aconteceu no dia 5 de janeiro.

O que aconteceu:

Ketisley relata que foi picada durante uma faxina em sua casa. Ela limpava o quarto quando pegou um tapete que estava guardado em um cômodo nos fundos da casa. Ao colocá-lo no chão, ela percebeu que uma aranha-marrom estava em sua perna e ela havia sido picada.

Mesmo sem sentir dor, ela buscou atendimento médico após ser orientada pela mãe, que é enfermeira.

Na época, grávida de 6 meses, ela procurou um hospital e foi medicada com antibiótico e remédio para dor. Ketisley foi orientada a continuar com a medicação em casa por mais sete dias. No entanto, o local da picada começou a ficar avermelhado e ela passou a ter coceira por todo o corpo.

A situação só foi piorando e dois dias depois eu já sentia muita dor, a ponto de não conseguir colocar o pé no chão. Ketisley Aparecida Freitas Lessa.

No dia 8 de janeiro, três dias depois da picada, Ketisley recorda que as dores não cessavam e parte da pele da perna direita começou a escurecer.

Voltei ao hospital e o exame de sangue constatou que havia veneno na corrente sanguínea. A minha coagulação estava afetada e eu poderia ter uma hemorragia. Além disso, a minha pele já estava necrosando.

A bacharel em direito precisou ficar internada por três dias. Foi constatado nos exames que o veneno não havia afetado a bebê e não estava interferindo na gestação.

Ferimento causado pela picada da aranha-marrom Imagem: Arquivo Pessoal

Após ter alta, Ketisley seguiu tomando antibióticos por mais uma semana. Ela afirma que apesar de já ter se passado mais de 40 dias do ocorrido, ainda sente muitas dores no local.

A ferida ainda não está totalmente cicatrizada. Tem uma casquinha e o local ainda dói muito quando passo a mão.

Picada de aranha-marrom

A aranha-marrom recebe esse nome devido à sua cor amarronzada e é uma das mais perigosas do Brasil. Ela é do gênero Loxosceles, conhecida pela picada necrosante.

Após a picada é importante procurar auxílio médico imediato, explica Emanuel Marques da Silva, biólogo do Centro de Produção e Pesquisa Imunobiológica do Paraná.

O veneno dela causa desde lesões locais a até atividades necróticas. Começa com um processo inflamatório, com inchaço, dor e um endurecimento no local da picada, evoluindo para um ponto de necrose. Quando o veneno aprofunda um pouco mais e entra na circulação sanguínea, pode haver um comprometimento sistêmico, ou até mesmo um comprometimento renal. Emanuel Marques da Silva, biólogo.

Esse tipo de aranha é comum no país. Ela possui hábitos noturnos e gosta de locais quentes e escuros como troncos, pilhas de tijolo, telhas, frestas de parede, móveis ou calçados. "Com o aumento da temperatura, essas aranhas tendem a aumentar a sua movimentação e com isso saem mais desses locais".

Por serem muito pequenas, o seu ferrão também é pequeno e fino, fazendo com que as picadas muitas vezes não sejam sentidas na hora, e os sintomas demoram algumas horas para se manifestar.

Muitas vezes as pessoas chegam ao hospital e não sabem o que aconteceu e isso acaba dificultando o tratamento imediato. Para combater o veneno é usado o soro antiaracnídico, mas cada caso deve ser avaliado.

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