Quais são as empresas de ônibus alvos de operação por suposto elo com o PCC
Do UOL, em São Paulo
09/04/2024 10h10Atualizada em 09/04/2024 15h28
As empresas de ônibus Transwolff e UPBUs, que atuam na capital paulista, são alvos de uma operação do Ministério Público de São Paulo por suspeita de ligação com o PCC. Juntas, elas transportam mais de 16 milhões de passageiros por mês.
Qual o histórico das empresas
A Transwolff atua na zona sul. Segundo o Ministério Público, a empresa tem 1.111 veículos rodando na cidade e transporta, em média, 613.000 passageiros ou 15,07 milhões por mês.
A UPBUs administra linhas de ônibus na zona leste. São 138 ônibus na cidade, com média diária de passageiros de 67.800 e mensal de 1,68 milhão.
Juntas, as empresas receberam mais de R$ 800 milhões de remuneração da Prefeitura de São Paulo em 2023. Foram R$ 748 milhões para Transwolff e R$ 81,1 milhões para a UPBUs, segundo relatório do Ministério Público de São Paulo, obtido pelo UOL.
A SPTrans diz que não há impacto na operação das linhas na manhã de hoje.
Em março, passageiros quebraram equipamentos do Terminal Varginha por causa do atraso na partida do ônibus da Transwolff. Na ocasião, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse que os problemas com a empresa estão acontecendo de forma recorrente. A empresa admitiu não estar oferecendo um serviço dentro dos padrões ideais.
Ao menos duas pessoas ligadas à Transwolff foram presas hoje na operação. Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como "Pandora", dono da empresa, e Robson Flares Lopes Pontes, dirigente. Os outros dois detidos são Joelson Santos da Silva e Elio Rodrigues dos Santos, este último em flagrante por porte de arma. A reportagem tenta contato com a defesa de todos os citados.
Pacheco atua no setor de transportes desde a década de 1990, com o aparecimento dos perueiros clandestinos na capital. Conforme mostrou o colunista do UOL Josmar Jozino em 2022, ele já havia sido preso por suspeita de financiar com dinheiro da Cooper Pan, uma das principais cooperativas de transportes alternativos de São Paulo, a tentativa de resgate de um preso, em março de 2006. Ao colunista, a defesa dele negou na ocasião que Pacheco tenha sido mandante ou financiador do resgate.
As cooperativas de transporte surgiram por meio dos perueiros clandestinos e foram legalizadas na capital, através de licitações públicas, entres os anos de 2002 e 2003 na gestão da prefeita Marta Suplicy (PT). Em 2013 e 2014, na administração de Fernando Haddad (PT), as empresas passaram a ser S/A (Sociedade Anônima) também por processo licitatório.
Acionistas da UPBUs pertencem ao alto escalão do PCC, segundo a polícia. A coluna de Josmar Jozino também mostrou em 2022 que o Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes) apurou que entre eles está Décio Gouveia Luz, o Décio Português, e Silvio Luiz Ferreira, o Cebola. Este último, de acordo com relato de policiais civis, é dono de 56 ônibus da empresa.
A empresa foi alvo de uma operação da polícia em 2022. Segundo a Polícia Civil, ela pertencia a Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, um dos maiores fornecedores de drogas e armas do PCC, e de outros comparsas dele, todos integrantes da facção criminosa. Cara Preta foi assassinado a tiros em 2021, no Tatuapé, zona leste paulistana, junto com o sócio e motorista Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.