Operação que prendeu empresários ligados ao PCC é ilegal, diz delegado
Do UOL, em São Paulo
11/04/2024 18h48Atualizada em 11/04/2024 18h48
André Santos Pereira, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, diz acreditar que a Operação Fim da Linha teria violado a lei pela maneira como foi realizada.
O que aconteceu
Investigações precisariam ter envolvido Polícia Civil. Para André Pereira, o cumprimento de mandados da Operação Fim da Linha viola a Constituição por não ter envolvido nenhum agente da Polícia Civil de São Paulo.
"Afronta a ordem constitucional", diz delegado. Em nota, Pereira afirmou que a conduta do Ministério Público traz a possibilidade do Poder Judiciário "declarar a ilegalidade da operação e consequente a nulidade dos atos realizados", pela violação dos artigos 37, caput, 144, parágrafo 4°, da Constituição Federal, e art. 6°, I, da Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis.
Como foi operação
A operação mirou empresários da UPBUs e TransWolff. Segundo o MP, as "organizações criminosas" lavam dinheiro do tráfico de drogas, roubos e outros ilícitos.
São quatro mandados de prisão e 52 de busca e apreensão. A Justiça determinou bloqueio de mais de R$ 600 milhões em patrimônio. Em um dos imóveis, os agentes encontraram fuzis, dinheiro e joias. 41 alvos são da cidade de São Paulo e os demais são de Barueri, Cotia, Guarujá, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itaquaquecetuba, Itu, Mauá, Santana de Parnaíba, São Bernardo do Campo e São José dos Campos.
Entre os presos estão Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como "Pandora", dono da Transwolff, e Robson Flares Lopes Pontes, dirigente da Transwolff. O primeiro foi detido em casa, enquanto o segundo estava na garagem da empresa. A polícia também prendeu Joelson Santos da Silva. Silivio Luis Ferreira, da UPBus, ainda não foi encontrado.
Outro homem foi preso em flagrante por porte ilegal de armas. Elio Rodrigues dos Santos não era alvo da operação. A reportagem tenta contato com a defesa de todos os citados. O espaço está aberto em caso de manifestação.
Somente em 2023, a TW arrecadou quase R$ 748 milhões com o transporte de passageiros. Já a UPBus arrecadou mais de R$ 80 milhões. Os números constam em relatório do Ministério Público de São Paulo, obtido pelo UOL.