MP denuncia 29 em duas empresas de ônibus de SP suspeitas de elo com PCC
O MP-SP Ministério Público do Estado de São Paulo ofereceu denúncia contra 19 representantes da empresa de ônibus UPBus e outros 10 da Transwolff. As companhias foram alvo da operação Fim da Linha, deflagrada terça-feira (9) em São Paulo. Quatro pessoas foram presas.
Segundo o MP-SP, entre os 19 denunciados da UPBUs, três são líderes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e outros dois, Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta, e Cláuidio Marcos de Almeida, o Django, também eram do grupo, mas foram assassinados.
Na denúncia consta que os líderes do PCC Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, Décio Gouveia Luiz, o Décio Português, e Alexandre Salles Brito, o Buiu, junto com Cara Preta e Django, ocultaram R$ 20,9 milhões da UPBus, provenientes do tráfico de drogas da organização criminosa.
Os valores foram convertidos em ativos lícitos e utilizados para aumentar o capital social da empresa. O MP-SP diz que Cebola, Décio Português, Cara Preta, Django e Buiu estabeleceram o controle da sociedade e adquiriram 60% das ações da empresa.
Os demais suspeitos e acionistas são parentes desses líderes do PCC, representantes da UPBus e um advogado. As denúncias foram foram por associação à organização criminosa, lavagem de dinheiro e fraudes licitatórias. Cebola teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas não foi localizado.
Procuradas pelo UOL, as empresas não se manifestaram. Juntas, elas receberam mais de R$ 800 milhões de remuneração da Prefeitura de São Paulo em 2023. Foram R$ 748 milhões para Transwolff e R$ 81,1 milhões para a UPBus, segundo relatório do Ministério Público de São Paulo, obtido pelo UOL.
A Transwolff atua na zona sul. Segundo o Ministério Público, a empresa tem 1.111 veículos rodando na cidade e transporta, em média, 613 mil passageiros ou 15,07 milhões por mês. A UPBus administra linhas de ônibus na zona leste. São 138 ônibus na cidade, com média diária de passageiros de 67,8 mil e mensal de 1,68 milhão.
Transwolff
Na Transwolff os suspeitos foram denunciados por apropriação indébita, extorsão, lavagem de dinheiro e fraudes licitatórias. Foram presos o presidente Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, o representante Robson Flares Pontes Lopes e o contador Joelson Santos da Silva.
Além deles, o MP-SP denunciou os sócios Cícero de Oliveira, Moisés Gomes Pinto e Carlos Couto Ramos; o ex-sócio Reginaldo Gonçalves da Silva; Jeová Santos da Silva, do escritório de contabilidade de Joelson; e os advogados José Nivaldo Souza Azevedo e Lindomar Francisco dos Santos.
Segundo o MP-SP desde 2008, os denunciados se associaram por meio do grupo Cooperpam (Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos em Transportes de São Paulo) e se apropriaram das cotas e dos bens móveis e imóveis dos cooperados.
A denúncia diz que os cooperados sofreram ameaças e, para não perder as permissões no transporte público, foram obrigados a migrar para a Tranwolff e a atender as exigências dos investigados, inclusive pagando uma taxa semanal de R$ 625,00 em 2015, que depois aumentou para R$ 2.500,00.
R$ 54 milhões ocultados, diz MP
Em janeiro de 2019, diz a denúncia, os investigados ocultaram por meio de uma empresa o aporte de R$ 54 milhões sob a forma de integralização do capital da Transwolff. Segundo o MP-SP, os valores foram provenientes do tráfico de drogas do PCC.
O dinheiro foi convertido em ativos lícitos e utilizados na atividade econômica da empresa, para aumentar o capital social, habilitá-la e capacitá-la para a licitação da prestação do serviço de transporte público urbano na cidade de São Paulo.
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Quero receberOs cooperados foram extorquidos, induzidos a erros e ficam sujeitos a pagamentos e descontos abusivos, sem qualquer prestação de contas, sob a falsa alegação de que seriam sócios da Transwolff e manteriam seus contratos de trabalho por 15 anos.
A denúncia aponta ainda que os "cooperados foram vítimas de fraudes e extorsões perpetradas por prepostos da Transwolff, a mando de seus sócios - agora denunciados — que os levaram a aceitar as condições vis de trabalho e a assinar documentos que os levaram à apropriação indébita de seus bens.
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