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Justiça manda soltar 14 PMs do DF denunciados por tortura durante curso

Danilo Martins relata ter sido vítima de tortura durante curso de formação do patrulhamento tático móvel do Batalhão de Choque Imagem: Arquivo Pessoal

Do UOL, em São Paulo

02/05/2024 15h52Atualizada em 03/05/2024 07h50

O desembargador Sandoval Oliveira determinou, nesta quinta-feira (2), a soltura dos 14 policiais militares denunciados por torturar Danilo Martins, soldado da PM-DF (Polícia Militar do Distrito Federal), durante um curso em Brasília.

O que aconteceu

A decisão substitui a prisão temporária pelas seguintes medidas cautelares: proibição de acesso à unidade militar e os acusados não podem manter contato entre si ou com a suposta vítima.

O desembargador rebateu o argumento de que a prisão era necessária para evitar o "acesso aos achados do crime". Para ele, impedir o acesso à unidade militar já é o suficiente. Decisão atende a um pedido apresentado pela associação intitulada "Caserna", que representa os policiais acusados.

A determinação também ressalta que o comandante do Batalhão de Choque, apontado como mandante da tortura, não foi preso. "[O Ministério Público] não oficiou por sua prisão temporária, sequer apresentou fundamentos para o tratamento diferenciado".

Desembargador também argumenta que o comandante teria mais chance de comprometer a investigação do que os outros PMs. "Seja em razão do temor reverencial que decorre da posição hierárquica ou pelo grau de acesso funcional e documental, é razoável pressupor que o Comandante teria condições idênticas - ou mais amplas - de oferecer risco às investigações, do que seus comandados

Foram soltos: Marco Aurélio Teixeira Feitosa, Gabriel Saraiva dos Santos, Daniel Barboza Sinésio, Wagner Santos Silvares, Fábio de Oliveira Flor, Elder de Oliveira Arruda, Eduardo Luiz Ribeiro da Silva, Rafael Pereira Miranda, Bruno Almeida da Silva, Danilo Ferreira Lopes, Rodrigo Assunção Dias, Matheus Barros dos Santos Souza, Diekson Coelho Peres e Reniery Santa Rosa Ulbrich.

Tortura

Danilo Martins, 34, disse que sofreu tortura no dia 22 de abril, suportando oito horas de agressões físicas e verbais. Ele teria ido ao batalhão participar de um curso de formação do patrulhamento tático móvel.

Martins afirma que se inscreveu voluntariamente no curso para aprimorar suas habilidades na Polícia Militar. No entanto, ao se apresentar com os demais participantes, foi abordado pelo tenente e pelo coordenador do curso. De acordo com o soldado, eles solicitaram que ele assinasse um documento de desistência do curso, ameaçando removê-lo da formação caso não o fizesse. "Eu me recusei, e foi a partir desse momento que os abusos começaram".

Os abusos resultaram em uma internação de seis dias, sendo quatro deles na UTI. Em nota, a PM-DF disse que não admite desvios de conduta e apura os fatos de maneira criteriosa e imparcial, observando todo o procedimento legal e permitindo a ampla defesa dos envolvidos.

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