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'Enfermeiro serial killer' matou por 'propina e pena' e revelou máfia no RJ

O auxiliar de enfermagem Edson Izidoro Guimarães, que admitiu ter matado pacientes no hospital Salgado Filho, no Rio, onde trabalhava, durante entrevista na Delegacia de Homicídios. Imagem: Patrícia Santos/Folhapress/Patrícia Santos/Folhapress

do UOL, em São Paulo

16/05/2024 04h00

Há 25 anos, um esquema de propina envolvendo casas funerárias trouxe à tona uma estatística macabra no Rio de Janeiro: mais de 100 pacientes foram mortos por um auxiliar de enfermagem, que ficou conhecido como 'enfermeiro da morte', na Unidade de Pacientes Traumáticos (UPT), do Hospital Municipal Salgado Filho.

Tudo começou quando uma auxiliar de limpeza que trabalhava no Hospital flagrou o auxiliar de enfermagem Edson Izidoro Guimarães no momento de um de seus assassinatos: ele matava pacientes em troca de dinheiro, que pagariam quando avisadas da existência de um cadáver nos hospitais.

Após a denúncia, não demorou muito para a história desse serial killer ser descoberta. A Secretaria de Segurança Pública analisou por três dias a quantidade de mortes no hospital. Na ausência de Guimarães, nenhuma. Durante seu plantão, cinco.

Policiais foram até o hospital disfarçados de pacientes, encontraram o profissional e deram voz de prisão. Na delegacia, ele confessou os crimes.

Como eram os assassinatos

Em depoimento, Edson não demonstrou arrependimento ao confessar apenas os crimes - estima-se que matou mais de 100 -, e explicou quais táticas usava para interromper a vida dos pacientes.

"Eles estavam sofrendo e eu amenizava o sofrimento das famílias. Escolhia quem não tinha outro meio de sobrevivência. Não me arrependo", Edson Izidoro Guimarães.

Estima-se que Edson Izidoro Guimarães matou mais de 100 pacientes Imagem: Ana Carolina Fernandes/Folhapress/Ana Carolina Fernandes/Folhapress

Guimarães realizava os assassinatos de duas formas: desligando os aparelhos de respiração - depois que o paciente morria, ele ligava novamente e chamava o médico - ou injetando cloreto de potássio na veia dos pacientes.

Motivação era financeira

Edson não matava pelo prazer de ver morrer, e sim, para aumentar o seu faturamento mensal. Ele fazia parte de um esquema de propina entre casas funerárias e funcionários do hospital e disse que era comum trabalhadores da saúde avisarem as funerárias quando ocorriam mortes.

"Eles pagam entre R$ 80 e R$ 100 para cada vez que avisamos. Quando é morte por acidente de trânsito, pagam entre R$ 800 e R$ 1.000", afirmou. Sabendo primeiro, a casa funerária conseguia entrar em contato com a família e fechar negócio antes que a concorrência entrasse no páreo.

Edson Izidoro Guimarães preso e sendo levado para depor Imagem: Ana Carolina Fernandes/Folhapress/Ana Carolina Fernandes/Folhapress

Mais confiante no golpe, Edson chegou a negociar diretamente com as famílias os valores de velório e enterro em busca de maiores repasses de propina.

Se arrependeu e negou

Edson confessou seus crimes na delegacia quando foi preso e em uma coletiva de imprensa, mas dias depois negou tudo. Disse que a confissão veio porque estava sendo agredido e ameaçado por policiais.

Seu julgamento aconteceu em 2000 e ele foi condenado a 76 anos de prisão pelas mortes dos pacientes. No ano seguinte, a pena caiu para 31 anos.

A reportagem procurou o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para saber a situação atual de Edson Izidoro Guimarães. Mas até o fechamento desta reportagem não tivemos retorno.

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