Brigadeirão: Investigação indica 'conselheira espiritual' como mandante
A investigação conduzida pela Polícia Civil indica a "conselheira espiritual" Suyany Breschak como possível mandante do assassinato do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond. A polícia apura se ele foi morto com um brigadeirão envenenado pela própria namorada, a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, presa temporariamente desde a noite de terça-feira (4).
O que aconteceu
Segundo a investigação, a "conselheira espiritual" orientou a psicóloga a cometer o crime. Suyany, que se apresenta como cigana, foi presa na semana passada em Cabo Frio (RJ) por suspeita de ajudar Júlia a vender bens do empresário.
A Polícia Civil agora analisa áudios enviados pela psicóloga por WhatsApp a outro namorado. Objetivo é confirmar se ela havia sido orientada por Suyany para morar na casa de Ormond. Júlia, contudo, não teria dito ao companheiro que se relacionava com a vítima, e teria atribuído a mudança a um trabalho como babá, indicam as investigações.
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Júlia teria encaminhado áudios da "conselheira espiritual" fingindo ser sua contratante. A psicóloga também teria enviado fotos de filhos da mulher para montar farsa, diz polícia. Investigadores fazem análise no conteúdo para confirmar que voz seria de Suyany.
Já trabalhávamos com a suspeita da participação da Suyany como cúmplice. Agora, novos depoimentos e outros detalhes dão indicativos sobre a forma como ela usava a sua influência para controlar os atos de Júlia. A investigação indica Júlia como autora e Suyany como mentora do crime.
Marcos Buss, delegado responsável pela investigação
Suyany relatou em depoimento que recebeu o carro da vítima para abater parte de uma dívida de R$ 600 mil. Ela também deu detalhes sobre a forma como a psicóloga usou o medicamento para envenenar o brigadeirão. A defesa de Suyany negou envolvimento no crime.
Defesa de psicóloga questiona relação com cúmplice
Defesa diz que psicóloga irá colaborar com as investigações e quer entender como era a relação com suposta cigana. "Se trata de uma orientadora e conselheira espiritual (...), porém não seria a missão dos 'sacerdotes' serem responsáveis por animar e encorajar os seus membros, tornando-se exemplos por suas ações?", questiona a advogada Hortência Menezes, em nota.
Suspeita de envenenar namorado com brigadeirão foi levada na tarde desta quarta-feira (5) ao presídio de Benfica, na zona norte do Rio. Ela deverá passar por audiência de custódia na quinta (6). Em seguida, será transferida para o Complexo de Gericinó, em Bangu, na zona oeste da capital fluminense.
Após prisão, psicóloga permaneceu em silêncio. Detida por volta das 23h de de terça, Júlia passou a noite na carceragem da 25ª DP (Engenho Novo), que investiga o caso. Com capuz na cabeça para cobrir parte do rosto, a psicóloga deixou a delegacia sem algemas e com as mãos para trás, acompanhada por uma policial civil.
O que se sabe sobre o caso
Júlia era procurada pela polícia por suspeita de envolvimento na morte do namorado. Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado morto dentro do seu apartamento no Rio de Janeiro no dia 20 de maio. Vizinhos sentiram um cheiro forte vindo do apartamento e acionaram a polícia.
Dois dias após o corpo do empresário ter sido encontrado, Júlia prestou depoimento e foi liberada. O mandado de prisão em seguida, mas a suspeita não havia sido mais localizada e ela permaneceu foragida da Justiça até negociar ontem a sua rendição.
A Polícia Civil investiga se Júlia colocou um medicamento à base de morfina no doce que teria causado a morte do companheiro. Ela teria comprado o remédio duas semanas antes do crime. A suspeita surgiu após depoimento de Suyany Breschak.
Câmeras registraram vítima em elevador
Luiz havia sido visto pela última vez no dia 17 de maio. Câmeras de segurança registraram o momento em que Luiz e Júlia deixam a piscina e entram no elevador. As imagens mostram que ele segura um prato. Ela, uma garrafa de cerveja. Em determinado momento, eles se beijam.
O corpo do empresário foi encontrado no sofá do apartamento. O imóvel fica localizado no Engenho Novo, na zona norte do Rio. Conforme o laudo do Instituto Médico Legal, o homem morreu de três a seis dias antes de o corpo ser encontrado. A causa da morte ainda não foi revelada.
Júlia teria permanecido no apartamento da vítima por dias. "Ela teria permanecido no apartamento da vítima com o cadáver por três ou quatro dias. Lá, teria dormido ao lado do cadáver, se alimentado, descido para a academia, se exercitado", disse o delegado Marcos Buss. Para a polícia, o crime foi premeditado e teria interesse financeiro.