MP apura se Pablo Marçal descumpriu ordem judicial e aciona polícia de SP
O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) acionou a Polícia Civil do estado e apura se o empresário Pablo Marçal, pré-candidato a prefeito da capital paulista, descumpriu uma medida judicial ao supostamente colocar em risco a integridade física de participantes de um reality show.
O que aconteceu
Em manifestação, promotora lembrou decisão judicial, de janeiro de 2022, contra Marçal. Na ocasião, o Judiciário proibiu que o empresário realizasse "qualquer atividade externa na natureza (seja em montanhas, picos, rios, lagos, mares, ou em locais correlatos), por si ou por interposta pessoa sem prévia e expressa autorização" das autoridades. A medida ocorreu após o pré-candidato colocar a vida de 30 pessoas em risco durante tentativa de escalar o Pico dos Marins (SP) em uma madrugada chuvosa.
Promotora disse ter tomado conhecimento que o empresário promoveu um reality show em maio de 2024. Renata Galhardo Cheuen adiciona na manifestação, obtida pelo UOL, uma reportagem em que um participante afirmou que sofreu situações de maus-tratos e desrespeito no programa. À reportagem, Gabriel Godoy, 35, reafirmou o posicionamento e apresentou fotos e vídeos que revelam a rotina de gravações de La Casa Digital 3, denunciando situações de abuso.
MP-SP solicitou que delegacia de Serra Negra (SP) envie o boletim de ocorrência do caso de Gabriel. O documento deverá ser encaminhado com todas as suas edições e complementos, solicitou Cheuen.
Promotoria apontou que Marçal pode, se desejar, "se manifestar sobre o eventual descumprimento" das medidas cautelares. O empresário também poderá apresentar as devidas justificativas sobre o caso.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou na sexta-feira (28) que o ofício citado ainda não aportou na Delegacia de Serra Negra. "Assim que notificada, a instituição tomará as providências para responder à requisição do órgão", esclareceu.
Ao UOL, Pablo Marçal reforçou que não descumpriu nenhuma medida judicial e não colocou nenhum participante em risco físico durante o reality show. O empresário apontou que sua participação no programa foi apenas como apresentador, não como organizador.
Sobre o boletim de ocorrência, Marçal disse que Gabriel alegou ter tido problema com um dos monitores do programa e ter sido supostamente agredido. "Caso tenha ocorrido alguma agressão por parte de qualquer pessoa durante o evento, é importante que essa pessoa responda por seus atos, conforme determina a lei."
Marçal é alvo de processo
Agressões foram parar na Justiça e são parte de um processo movido contra Marçal. O UOL teve acesso ao processo e confirmou com outras testemunhas os pontos-chave da denúncia em que foram adicionadas provas que colocam em risco a saúde de participantes, rotinas forçadas de exercício e violência física.
Documentos apontam que Marçal promoveu treinos extenuantes de três horas. Os participantes não teriam realizado exame médico prévio e uma prova em um lago que está sendo investigada por possível descumprimento de ordem judicial.
Gravado em maio, o reality La Casa Digital 3 colocou 13 participantes em uma fazenda em Itu (SP). Eles realizaram provas de resistência com a promessa de melhorarem de vida com os ensinamentos do empresário.
O evento ocorreu um ano após a morte de um colaborador de Marçal durante uma maratona promovida por uma de suas empresas, a Xgrow, e dois anos após o empresário colocar a vida de 30 pessoas em risco no Pico dos Marins (SP).
O advogado de Marçal, Tassio Renan Botelho, nega que ele tenha desobedecido à determinação. "Pablo atuou apenas como apresentador, não como organizador do evento." A Fazenda Toscana Ltda., onde aconteceu o reality, pertence a Marçal.
Em contato com a reportagem, a Prefeitura de Itu e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, responsável por polícia e bombeiros, confirmam que não receberam pedidos de autorização para a realização do reality.
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