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Caixas-pretas já solucionaram quedas misteriosas de avião no passado

Colaboração para o UOL

16/08/2024 05h30

As caixas-pretas, oficialmente conhecidas como gravadores de voo, são dispositivos essenciais na investigação de acidentes aéreos, como o do avião ATR-72, que caiu em Vinhedo no sábado (9), matando 62 pessoas. Elas já ajudaram a elucidar casos complexos de acidente aéreo.

Como funcionam

As caixas-pretas, que incluem o FDR (Gravador de Dados de Voo) e o CVR (Gravador de Voz da Cabine), registram informações importantes durante o voo. O FDR monitora dados como velocidade, altitude e configurações dos motores, enquanto o CVR captura as conversas dos pilotos e os alertas sonoros da cabine. Esses dispositivos são projetados para suportar temperaturas extremas e impactos severos, garantindo que os dados vitais sejam preservados mesmo nas piores condições.

Após um acidente, as caixas-pretas são recuperadas e analisadas em laboratórios especializados. Os dados nelas contidos permitem a reconstrução detalhada do voo, ajudando a identificar falhas que contribuíram para o incidente. Essas informações auxiliam a melhorar a segurança da aviação, prevenindo a repetição de erros em futuros voos.

Relembre cinco casos em que as caixas-pretas foram cruciais na elucidação do acidente:

Voo Air France 447 (Brasil-França, 2009)

Impacto: A tragédia, que vitimou 228 pessoas, levou a mudanças na formação de pilotos e nos sistemas de sensores das aeronaves.

Revelação: As caixas-pretas do voo 447 da Air France, que caiu no Atlântico durante uma viagem do Rio de Janeiro a Paris, revelaram que os pilotos enfrentaram uma perda de dados dos sensores de velocidade (pitot tubes), o que os levou a uma reação equivocada. Eles subiram a aeronave em vez de estabilizá-la, levando à perda de sustentação e, posteriormente, à queda. As gravações também mostraram falta de comunicação entre os pilotos e falha em identificar corretamente a situação.

Voo TAM 3054 (Brasil, 2007)

Impacto: O acidente resultou em 199 mortes, sendo considerado o pior acidente aéreo da história do Brasil. A partir deste incidente, as operações no Aeroporto de Congonhas foram amplamente revisadas, e medidas de segurança foram reforçadas.

Revelação: A gravação da cabine do voo TAM 3054, que se chocou contra um prédio em São Paulo após ultrapassar a pista do Aeroporto de Congonhas, revelou diálogos de tensão e confusão na cabine enquanto os pilotos tentavam desacelerar a aeronave. O CVR capturou o momento em que eles perceberam que o reversor (sistema que ajuda a frear a aeronave) de um dos motores estava inoperante. A análise também revelou que os pilotos não perceberam que um dos manetes de potência estava em posição incorreta, contribuindo para o acidente.

Voo Gol 1907 (Brasil, 2006)

Impacto: Este acidente, que resultou na morte de 154 pessoas, serviu de exemplo para destacar a importância do funcionamento correto dos sistemas de bordo e da comunicação eficaz entre aeronaves e o controle de tráfego aéreo.

Revelação: O acidente envolvendo o voo Gol 1907 e um jato executivo Legacy ocorreu devido a uma série de falhas na comunicação e no sistema anticolisão (TCAS). As caixas-pretas revelaram que o transponder do Legacy, que deveria alertar sobre possíveis colisões, estava desligado, o que impediu o Gol 1907 de desviar. A gravação da cabine do Legacy também mostrou que os pilotos não estavam plenamente cientes da situação até o impacto.

Voo EgyptAir 990 (Estados Unidos-Egito, 1999)

Impacto: A tragédia provocou um debate intenso sobre a saúde mental dos pilotos e a necessidade de monitoramento psicológico.

Revelação: As gravações do voo EgyptAir 990, que caiu no Oceano Atlântico após decolar de Nova York, foram perturbadoras. O CVR capturou o copiloto repetindo "Eu confio em Deus" em árabe, enquanto deliberadamente apontava a aeronave para baixo, sugerindo que o acidente pode ter sido resultado de um ato suicida.

Voo Malaysia Airlines 370 (Malásia-China, 2014)

Impacto: O desaparecimento do MH370, com 239 pessoas a bordo, continua a ser um dos maiores mistérios da aviação, resultando em novas recomendações sobre o monitoramento contínuo de aeronaves.

Revelação: Embora as caixas-pretas do voo MH370 ainda não tenham sido encontradas, dados de satélite e registros de comunicação sugerem que a aeronave fez uma série de manobras não programadas antes de desaparecer dos radares. As últimas comunicações captadas indicam que alguém na cabine pode ter desativado os sistemas de comunicação, o que levou a especulações de que o desaparecimento foi intencional

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