Como se decide quem será comandante e copiloto em voo? O que faz cada um?

No avião que caiu em Vinhedo na última sexta-feira (9), o piloto Danilo Santos Romano, 35, era mais jovem do que o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva, 61. O comandante tinha mais de uma década de experiência e estava na Voepass havia quase dois anos. Já o piloto auxiliar somava 40 anos de carreira, os últimos cinco na companhia.

A definição de quem assume cada posição durante um voo segue alguns critérios, mas ambos são igualmente pilotos e podem guiar o avião.

Diferenças entre comandante e copiloto

O comandante é a autoridade máxima dentro do avião. Segundo o Código Brasileiro de Aeronáutica, ele "exerce autoridade sobre as pessoas e coisas que se encontrem a bordo da aeronave". Com isso, os outros membros da tripulação estão subordinados a ele técnica e disciplinarmente. Cabe também ao comandante registrar nascimentos e óbitos que ocorrerem durante o voo.

Quem define o comandante é a companhia aérea. A pessoa fica responsável pela operação e segurança do avião, além de representar a empresa durante a viagem. Nesse período, também deve garantir o cumprimento da legislação profissional em relação à jornada de trabalho dos tripulantes, limites de voo, intervalos de repouso e fornecimento de alimentos.

É o diretor de operações da companhia aérea que decide o comandante e o copiloto em cada voo. Ele pode determinar que a pessoa sempre atue assim ou variar de acordo com o voo e disponibilidade de profissionais.
Raul Marinho, especialista em segurança de voo

Comandante pode repassar funções durante o voo. Ainda segundo o código aeronáutico, o piloto pode "delegar a outro membro da tripulação as atribuições que lhe competem, menos as que se relacionem com a segurança do voo".

O copiloto é um auxiliar do piloto. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), quem ocupa o cargo pode assumir as responsabilidades do piloto principal "em caso de eventual incapacidade temporária".

Funções podem se alternar durante o voo. Comandante e copiloto são qualificados para controlar o avião, podendo dividir e alternar entre as funções de piloto voando e piloto monitorando.

  • Piloto voando: é quem está efetivamente exercendo o controle direto do avião, manualmente ou por meio de automação. Não é necessariamente o comandante.
  • Piloto monitorando: pessoa que está ativamente monitorando as fases do voo, os parâmetros da aeronave, incluindo as ações ou inações do piloto voando. Tem o papel de auxiliá-lo no que for necessário.
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Quem determina qual deles vai exercer cada função é o comandante. No entanto, algumas ações só podem ser feitas pelo comandante, diz Marinho, como pousar nos aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ). É uma regra de tráfego aéreo para locais mais críticos de pouso.

Como se decide comandante e copiloto

De modo geral, é mais comum que o piloto comandante seja o mais antigo dentro da empresa, independentemente da idade. Raul Marinho explica que, nas companhias, os tripulantes são promovidos seguindo uma lista de senioridade. Conforme os profissionais vão se aposentando, sendo demitidos ou a frota aumenta, a fila dos profissionais anda de acordo com a data que entraram na empresa, do mais antigo para o mais novato.

Experiência é necessária. Para ser comandante, é necessário ter a maior licença que existe, a de piloto de linhas aéreas, com pelo menos 1.500 horas de voo. Já o copiloto pode exercer o cargo tendo a licença de piloto comercial (a partir de 150 horas de voo). Ainda existe a licença de piloto privado, com ao menos 40 horas registradas.

Copiloto pode ser comandante em outro voo. Desde que tenha a licença, um piloto pode atuar como auxiliar em um voo e como comandante em outro. Tudo é definido pelo diretor de operações. "Por algum motivo, a administração entende que aquele profissional não teria condições, perfil ou características de ser comandante naquele voo. Ou o profissional pede para continuar como copiloto para ter uma escala mais tranquila, para voar em missões mais próximas", exemplifica Marinho.

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