Conteúdo publicado há 3 meses

Delegada relata estupro e agressão de ex: 'Bateu na frente do meu filho'

Uma delegada que chefiava a Deam (Delegacia Especial de Atendimento a Mulher) em Volta Redonda (RJ) denunciou as agressões que sofreu do ex-marido, um tenente-coronel da Polícia Militar.

O que aconteceu

A delegada Juliana Domingues denunciou o PM Carlos Eduardo da costa, atualmente chefe da segurança do TRF (Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro). As agressões relatadas pela mulher teriam acontecido entre 2021 e 2022. A primeira delas aconteceu já na lua de mel, conforme relatou em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo. Na época, Juliana ainda chefiava a Deam.

A gente se casou num castelo. Ele fez um casamento de princesa para mim. Então, para ele, eu era a mulher mais inteligente que ele havia conhecido, eu era a pessoa mais espetacular que ele tinha conhecido. Depois, eu passei a ser burra, eu passei a ser porca, eu passei a ser totalmente insuficiente. Juliana Domingues, em entrevista ao 'Fantástico'

A servidora tem dois filhos e se preocupava para que eles não a vissem sendo agredida pelo padrasto deles. "Uma vez, ele me bateu na frente do meu filho. Me deu um tapa no rosto. O meu filho estava com a cabeça abaixada, jogando. Eu pensei: 'graças a Deus, ele não viu'. Só que, depois, o meu filho falou para mim: 'eu vi que ele te bateu'."

Juliana disse que foi agredida com tapas e cintadas e foi estuprada pelo próprio marido por mais de uma vez. "Ele me levou para o nosso quarto e aí estuprou. Fez sexo comigo contra a minha vontade. Eu chorei muito. Eu pedia para ele parar. Pior que ele não parou. Quando terminou, ele virou e falou: 'agora você vai tomar o seu banho porque o teatro é às 16h'. Não foi a primeira vez que ele me estuprou. Eu passo por isso desde 2021."

A reviravolta veio após delegada ouvir o depoimento de mulher que passava por situação parecida a sua. Ela então decidiu denunciar o seu companheiro. Ela passou por dois exames de corpo de delito, com lesões na maçã esquerda do rosto, no glúteo e arranhões. O estupro, segundo ela, não ficou comprovado.

Eu acho importante dividir a minha história, justamente porque eu sei que, infelizmente, muitas mulheres estão passando pelo que eu passei, com medo e vergonha. Eu quero dizer para elas que elas não se sintam assim. Que existe ajuda, rede de apoio, e que elas têm que ter força de vontade para sair dessa situação. Juliana Domingues

Segundo o "Fantástico", Carlos Eduardo disse em depoimento que "tinha o hábito de usar cintos e outros instrumentos durante o sexo". De acordo com a reportagem, ele teria dito que as práticas eram "da vontade deles" e que "tudo era consentido". A Justiça acatou denúncia apresentada pelo Ministério Público por dois estupros contra Juliana, por lesão corporal e violência psicológica, ainda segundo o "Fantástico". O UOL tenta localizada a defesa do militar. O espaço segue aberto para manifestação.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

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Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

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