Pimenta ganha sobrevida, mas demissão deve vir antes de reforma ministerial
A possível demissão do ministro Paulo Pimenta, da Secom (Secretaria de Comunicação Social), ficou em "stand by" com a internação do presidente Lula (PT).
O UOL apurou que Pimenta foi chamado para conversar com Lula na última segunda (9), antes de o presidente fazer os exames, para discutir o assunto. Não seria uma conversa de demissão, mas para discutir possibilidades de mudanças na comunicação e nos ministérios palacianos. Nenhum dos dois saiu satisfeito.
Uma fonte próxima a Lula disse que o presidente relatou que a conversa teria sido "muito ruim" e sinalizou que a saída de Pimenta poderia dar início à reforma ministerial que está nos planos de Lula e que já é debatida nos bastidores na Esplanada e no Congresso.
Pimenta não confirmou. Ao UOL, o ministro disse apenas que "não comenta conversas com o presidente Lula".
Para o seu lugar, o nome favorito é do marqueteiro Sidônio Palmeira, responsável pela vitoriosa campanha eleitoral de 2022. A menos de dois anos do pleito de 2026, com o projeto já assumido de reeleição de Lula, o perfil técnico do publicitário do baiano agrada ao Planalto. Procurado pelo UOL, ele também não comentou.
Sair da Secom não significa que Pimenta, por quem Lula sempre teve apreço, saia do governo. Aliados e auxiliares aventam diversas possibilidades, que margeiam uma esperada reforma ministerial no ano que vem.
Uma delas seria assumir a Secretaria-Geral da Presidência, atualmente ocupada por Márcio Macêdo, que, por sua vez, ocuparia um cargo de destaque no PT. Isso passa por um processo de eleições internas em 2025. A pasta é responsável pela interlocução com movimentos sociais.
Outra possibilidade veiculada seria que o ministro, deputado licenciado pelo Rio Grande do Sul, assumisse a liderança do governo na Câmara —hoje ocupada por José Guimarães (PT-CE), que também tem seus interesses na eleição no PT.
Além disso, Guimarães tem sido alvo de críticas por sua atuação no Congresso, onde o governo tem tido dificuldades de articulação e o presidente Lula tem sido obrigado a chamar para si as negociações.
Cirurgia de Lula deixa demissão em stand by
Com a internação do presidente, nada deve ir para frente por ora. Ainda na UTI (unidade de tratamento intensivo), Lula não deve voltar a Brasília nesta semana.
Depois, o governo tem a última semana de trabalho pré-recesso do Natal, com reunião ministerial geral marcada para quinta-feira (19).
Com a cirurgia, espera-se que Pimenta ainda esteja nessa reunião, mas o comentário no Palácio do Planalto é que deve ser a última de Pimenta e talvez de outros ministros, que também estão na berlinda.
Lula escancarou insatisfação em seminário do PT
Como o UOL mostrou, o presidente escancarou a insatisfação em fala no seminário do PT na última sexta (6). Por vídeo, o presidente criticou duramente a comunicação do governo.
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Quero receberComo já fez em outros momentos, Lula se queixou principalmente de que os feitos do governo, que ele considera o melhor dos seus três mandatos, não chegam à população.
Uma pesquisa divulgada nesta quarta (11) mostra que 41% da população pensa exatamente o oposto e acha o terceiro mandato de Lula pior que os anteriores.
A bronca do presidente foi o principal assunto da festa. Lideranças diziam que ele havia explicitado um incômodo que já apontava há tempos nos bastidores. Todos concordavam que o alvo era Pimenta.
Só os tons que variavam: enquanto os mais comedidos diziam que era um aviso, os mais afoitos falavam que Lula tinha acabado de demitir um ministro ao vivo. O desfecho era aguardado para esta semana, no entanto, a cirurgia de Lula às pressas, mudou o cenário. Ao menos, até o presidente ter alta.
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