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Atira e corre: como é o blindado que virou problema entre Brasil e Israel

Colaboração para o UOL

03/09/2024 05h30

O Exército Brasileiro negociava a compra de 36 unidades de um tipo de blindado voltado para a artilharia pesada, de uma empresa israelense, mas a negociação foi suspensa após um impasse diplomático.

O que aconteceu

Após licitação internacional, o Exército Brasileiro escolheu o modelo Atmos, desenvolvido pela empresa israelense Elbit Systems, para modernizar sua infantaria mecanizada. A aquisição, que fazia parte de um programa de modernização militar, envolvia um investimento de aproximadamente R$ 1 bilhão. O blindado foi selecionado por suas capacidades técnicas superiores, segundo nota oficial do Exército.

Esse tipo de blindado, conhecido como obuseiro, é montado em um caminhão, sendo projetado para oferecer alta mobilidade e capacidade ofensiva. Com calibre de 155 mm, que se refere ao diâmetro do projétil disparado, e um comprimento de cano de 52 calibres, o Atmos possui um cano que é 52 vezes o diâmetro do calibre, ou seja, aproximadamente 8,06 metros.

O comprimento maior permite que o projétil seja impulsionado por mais tempo. Assim, ele alcança distâncias superiores a 40 km, utilizando munição do tipo ERFB-BB (Extended Range Full Bore - Base Bleed).

A munição ERFB-BB é projetada para aumentar o alcance e a precisão do disparo. "Extended Range Full Bore" (ERFB) refere-se a projéteis que têm um formato aerodinâmico otimizado, o que permite que eles viajem distâncias maiores. "Base Bleed" (BB) é uma tecnologia que reduz o arrasto aerodinâmico ao liberar gases pela parte traseira do projétil, aumentando ainda mais o alcance sem a necessidade de propulsão adicional. Isso permite que o ATMOS dispare projéteis a distâncias maiores com maior precisão.

O sistema é modular e pode ser montado em caminhões táticos 6x6 ou 8x8. A flexibilidade do blindado permite que ele seja adaptado a diferentes terrenos e condições operacionais. A cabine protegida acomoda uma tripulação de cinco a seis pessoas e é equipada com sistemas de navegação, comunicação e controle avançados, que garantem precisão e eficiência no campo de batalha. As informações constam de um documento disponível para download no site da empresa.

Atirar e correr

Uma das características mais importantes do obuseiro é sua capacidade de "atirar e correr" (shoot-and-scoot). Essa funcionalidade permite que o sistema seja rapidamente posicionado, dispare e se desloque para evitar contra-ataques, aumentando sua sobrevivência em combate. O Atmos também conta com um sistema de carregamento automático de munição, reduzindo o esforço da tripulação e permite uma taxa de fogo sustentada.

A suspensão das negociações foi motivada por um impasse diplomático entre Brasil e Israel. Celso Amorim, assessor especial da Presidência, convenceu o presidente Lula a rever a compra após críticas feitas pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Isso levou o governo brasileiro a reconsiderar a aquisição, apesar das vantagens técnicas do armamento.

O Ministro da Defesa, José Múcio, busca reverter a decisão e retomar a negociação. Múcio sugeriu a nacionalização da produção do Atmos para contornar o impasse diplomático. A proposta inclui a construção de uma fábrica da Elbit Systems no Brasil para a produção local dos veículos blindados, o que poderia gerar empregos e fortalecer a indústria nacional.

A Elbit Systems é uma empresa global em tecnologia de defesa. A empresa fornece soluções para diversos domínios, empregando aproximadamente 19.000 pessoas em dezenas de países. Em 2023, reportou receitas de cerca de US$ 6 bilhões (R$ 34 bi) e um backlog (lista de espera) de pedidos de US$ 17,8 bilhões (R$ 100 bi).

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