Sem luz, família de SP compra gerador para manter respirador de pai doente

O pai da jornalista Mariana Saffioti, 39, precisa de ventilador mecânico para respirar, mas, desde sexta-feira (11) sem energia elétrica em casa, a família teve de recorrer a um gerador. Na manhã desta segunda-feira (14), a Enel providenciou outro gerador.

O que aconteceu

O homem de 68 anos tem doença rara e grave. Diagnosticado com síndrome de Guillain-Barré em abril deste ano, ele estava hospitalizado desde então, a maior parte do tempo na UTI. Na semana passada, teve alta e foi para casa com assistência domiciliar.

Ele precisa de aparelhos que dependem de energia elétrica. Além do ventilador mecânico, tem ainda a bomba para alimentação via sonda e, às vezes, o fornecimento de oxigênio.

Ventilador mecânico que o pai de Mariana precisa usar
Ventilador mecânico que o pai de Mariana precisa usar Imagem: Arquivo pessoal

Na sexta-feira, por volta de 20h, a energia acabou devido à tempestade. O pai e a mãe de Mariana moram na Lapa, zona oeste da capital paulista, e estão entre os mais de meio milhão de imóveis da Grande São Paulo que continuam sem abastecimento elétrico.

De imediato, um dispositivo nobreak manteve o ventilador funcionando por um tempo. "Desde então, entrei em contato com a Enel, porque sei que eles dão prioridade para pacientes que dependem de ventilação mecânica", conta Mariana ao UOL. Deram previsão para a energia voltar à meia-noite, mas a família preferiu comprar um gerador de energia.

Bomba para alimentação via sonda também precisa de energia elétrica
Bomba para alimentação via sonda também precisa de energia elétrica Imagem: Arquivo pessoal

"Se ele não respira, morre. E a alimentação também é essencial", diz. A família segue sem energia elétrica até esta segunda-feira, e Mariana mantém contato com a Enel todos os dias desde sexta. Nesta manhã, funcionários da empresa foram até a casa do pai dela para instalar um novo gerador.

Além dos aparelhos, o homem usa um medicamento que deve ser mantido resfriado, mas está em temperatura ambiente. "É uma situação insustentável, de insegurança o tempo todo. Se o gerador falha, estou refém da máquina."

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O gerador que a família comprou funciona a gasolina. O combustível dura, em média, cinco horas, e apenas o marido de Mariana consegue abastecer e ligar o dispositivo. Então, todos ficam alertas para manter o ventilador funcionando. "Já foram, pelo menos, 25 litros de gasolina", diz a jornalista. "É um descaso muito grande com uma situação tão delicada."

Cliente vital

A Enel tem uma categoria de clientes chamada vital ou sobrevida. Para clientes cadastrados nesse âmbito, a empresa "prioriza a comunicação de interrupção programada na rede, o atendimento de solicitações de emergência e o atendimento da religação comercial".

Como só fazia uma semana que meu pai tinha ido pra casa, a gente não tinha formalizado o pedido de cliente vital, porque precisa de vários documentos e ir pessoalmente.
Mariana Saffioti

Em contato com a companhia, ela foi questionada sobre todos os aparelhos de que o pai precisa, mas só nesta segunda-feira uma medida foi adotada, mas ainda sem previsão de retorno da energia elétrica.

O UOL solicitou à Enel um posicionamento sobre o caso e como situações semelhantes têm sido encaminhadas. Em nota, a empresa disse: "A Enel Distribuição São Paulo lamenta os transtornos sofridos pela população, após o temporal da última sexta-feira passada, e informa que priorizou o caso em seu cronograma de atendimentos".

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