Com apagão em SP, buscas por gerador aumentam; vale a pena?
Maurício Businari
Colaboração para o UOL
16/10/2024 10h24
O apagão que atinge São Paulo desde a última sexta-feira (11) deixou milhões sem eletricidade por vários dias, levando a uma disparada na procura por geradores residenciais. Mas será que vale o investimento nesses equipamentos?
O que aconteceu
Cerca de 100 mil clientes da Enel continuam sem energia elétrica em São Paulo. A cidade foi atingida por fortes tempestades, que derrubaram linhas de energia e deixaram vários bairros sem eletricidade.
A Cidade, que está em seu sexto dia de apagão, já acumula um prejuízo estimado em R$ 1,65 bilhão nos setores de varejo e serviços. Desse total, o setor de serviços foi o mais afetado, contabilizando perdas de R$ 1,1 bilhão, enquanto o varejo sofreu um impacto de pelo menos R$ 536 milhões. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (15) pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).
Em resposta ao apagão, o interesse pelo termo "gerador residencial" disparou no Google. A maior parte das buscas foi localizada em Santana de Parnaíba, Cotia e Taboão da Serra e a demora no restabelecimento da rede evidenciou a fragilidade do sistema de distribuição de energia.
Segundo o professor de engenharia elétrica Alexandre Nunes, da Universidade Cruzeiro do Sul, "para uma residência, especialmente em áreas que sofrem com apagões frequentes, investir em um gerador pode valer a pena". Geradores garantem a continuidade de serviços essenciais, como iluminação e refrigeração, durante longas quedas de energia.
Os geradores convertem energia mecânica em eletricidade por meio de combustíveis. Utilizando gasolina, diesel ou gás natural, os geradores alimentam um motor que, por sua vez, aciona um alternador. Isso permite que aparelhos elétricos funcionem mesmo com a rede de energia inoperante, explica Edval Delbone, do Instituto Mauá de Tecnologia: "O gerador de energia transforma energia mecânica em elétrica, funcionando como um conversor eletromecânico".
Geradores a diesel são mais robustos e eficientes a longo prazo. Esses modelos têm maior durabilidade e exigem menos manutenção, porém, são mais caros e mais poluentes. "O diesel é menos inflamável e tem uma densidade energética maior", ressalta Delbone, embora ele também alerte para o impacto ambiental.
Geradores a gás são opções mais sustentáveis, mas mais caras. Apesar de exigirem um investimento inicial maior, os geradores a gás emitem menos poluentes e têm menor impacto ambiental.
O recente apagão mostrou que estamos diante de uma triste realidade, ou seja, com as mudanças climáticas, aumentou os riscos de chuvas de ventos fortes, com um sistema de distribuição predominantemente aéreo e muita demora para o retorno do fornecimento de energia depois de um apagão.
Edval Delbone
Cabe no bolso?
Os custos variam conforme o tipo e a potência do gerador. O custo médio de um gerador para uma residência com quatro pessoas varia conforme a potência necessária, o tipo de combustível e as características da residência
Os preços de geradores a gasolina começam em R$ 2.000, enquanto os modelos a diesel mais robustos podem chegar a R$ 12.000. Geradores a gás ou solares, mais sustentáveis, podem custar até R$ 30.000 ou mais, dependendo da tecnologia e capacidade de fornecimento. Além dos custos de aquisição, é importante considerar os gastos com a instalação, que podem variar entre R$ 1.000 e R$ 3.000. E a manutenção anual, que inclui a troca de óleo e filtros, com um custo de R$ 300 a R$ 800 por ano, dependendo do modelo e da frequência de uso do gerador.
Em casas, é possível instalar geradores com maior capacidade e autonomia. Já em apartamentos, existem opções mais compactas e silenciosas. No entanto, é importante considerar os custos de aquisição, manutenção e combustíveis, além de verificar o espaço disponível e as regulamentações do condomínio ou bairro.
Alexandre Nunes
O consumidor comum deve avaliar cuidadosamente se o investimento é realmente necessário. Muitas vezes, uma solução menor, como um no-break, pode ser mais viável para pequenas cargas, como computadores e roteadores, evitando os custos elevados de manutenção de um gerador. A explicação é do professor Rubens Alexandre de Faria, doutor em Engenharia Elétrica e Informática Industrial e professor titular do Departamento Acadêmico de Eletrônica da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná).
A escolha de um gerador deve ser feita com base nas necessidades reais de consumo da residência. Faria explica que é essencial determinar quais aparelhos serão mantidos em funcionamento durante um apagão, como geladeiras, iluminação ou equipamentos médicos. Esse cálculo exato ajuda a evitar gastos desnecessários com geradores mais potentes do que o necessário.
Além do custo inicial, a manutenção contínua é um fator importante que o consumidor deve considerar. Troca de óleo, velas, filtros e consumo de combustível são despesas recorrentes que podem não compensar para quem pretende usar o gerador de forma esporádica. O custo-benefício deve ser analisado, especialmente para quem não enfrenta quedas de energia frequentes.
Rubens Faria