Conteúdo publicado há 1 mês

Exame confirma que professora morreu envenenada após comer coxinha em AL

O laudo pericial, divulgado nesta sexta-feira (18), confirmou que a professora Joice dos Santos Silva Cirino, 36, morreu envenenada após comer coxinha no município de São Brás, em Alagoas. O ex-marido da vítima é suspeito do crime.

O que aconteceu

Exame de toxicologia apontou a presença das substâncias tóxicas na amostra biológica analisada. Informações foram divulgadas hoje pelas polícias Científica e Civil.

Foram encontrados vestígios de pesticida e raticida. O chefe do laboratório forense, Thalmanny Goulart, responsável pelo exame, explicou que o laudo pericial apontou a presença das substâncias tóxicas sulfotep e terbufós. Goulart detalhou que o sulfotep é um fosfato orgânico altamente tóxico por todas as vias de exposição. Já o terbufós é um composto químico utilizado em inseticidas e nematicidas.

"O uso do terbufós, bem como o sulfite, que é um contaminante de terra, são proibidos pelo Ministério da Agricultura para o combate, por exemplo, como raticidas. Precisamos alertar as autoridades da vigilância sanitária sobre a fiscalização do comercio ilegal desses tipos de produtos químicos que podem provocar a morte, e que só este ano já registrou três casos e seis no ano passado", alertou o chefe do laboratório.

Foram analisadas amostras de sangue e conteúdo estomacal. O delegado Rômulo Andrade, que preside o inquérito policial que investiga o caso, destacou a importância da prova técnica. "O laudo pericial é importante porque conseguimos comprovar cientificamente que a vítima foi morta por envenenamento. Através do resultado do exame de toxicologia, conseguimos descartar a hipótese de suicídio, e confirmamos que ela foi morta por uma outra pessoa", afirmou o delegado.

Delegado diz que vítima vivia relacionamento abusivo. A professora foi morta no dia 9 de outubro.

Vítima desconfiou de ex-marido

Joice dos Santos desconfiou que estaria sendo envenenada. Rômulo Andrade afirmou que vítima, antes de morrer, desconfiou que estava sendo envenenada, pois chegou a mandar áudios dizendo que, em caso de morte por veneno, o culpado seria o ex-marido.

A professora estava em processo de separação, segundo a investigação. Depoimentos de testemunhas, entre eles familiares da vítima, revelaram que ela sofria agressões verbais e físicas.

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O chefe do Instituto de Criminalística de Maceió, Charles Mariano, destacou que outros vestígios serão periciados. "Além dos exames toxicológicos, de química forense e de local de crime, novas perícias que sejam necessárias, um deles no celular da vítima, serão realizados pelo IC", confirmou.

Suspeito foi preso sete dias após o crime

A Polícia Civil de Alagoas prendeu o suspeito, de 40 anos, na quarta-feira (16). O ex-marido da vítima foi encontrado na casa de uma tia. O delegado Rômulo Andrade explicou ao UOL que a prisão foi cautelar, ''para garantir a integridade das investigações e para que ele não fugisse''.

Joyce passou mal após comer a coxinha e chegou a ser socorrida, mas não resistiu. Ela foi encaminhada pelo próprio marido para uma Unidade de Pronto Atendimento na cidade de Porto Real do Colégio, onde morreu no dia 9 de outubro. O salgado também teria sido oferecido ao filho dela, mas o adolescente não comeu.

Polícia foi acionada pela equipe médica, que suspeitou que a causa da morte fosse envenenamento. Os investigadores colheram amostras de alimentos na casa da vítima para serem periciadas. Também foram realizados exames no corpo da professora para constatar a presença de veneno.

Em depoimento, ex-marido negou que tenha envenenado Joyce. Segundo o delegado, também já foram ouvidas "diversas pessoas", inclusive familiares da professora. "Nós deixamos nosso compromisso de que tudo será esclarecido o mais breve possível", declarou Andrade.

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Vítima teria avisado irmã

Irmã afirma que Joyce já havia alertado que temia ser envenenada pelo ex-marido. "Existem fotos e áudios dela em que ela me informava: 'Luana, se eu passar mal, foi ele quem me deu isso para comer'. [...] Graças a Deus o menino não comeu", declarou Maria Luana Alves ao AL2, da TV Gazeta, afiliada da Globo em Alagoas.

Luana contou que a Joyce também sofria violência doméstica. "Ela sofreu todos os tipos de violência doméstica inclusa na Lei Maria da Penha. A gente quer que a Justiça seja feita de todas as formas", completou.

Como o suspeito não teve a identidade divulgada, o UOL não conseguiu localizar sua defesa para pedir posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

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Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

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