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Ostentação, disfarce e rota de fuga: como age gangue de falsos judeus em SP

Do UOL, em São Paulo

26/11/2024 05h30

Uma gangue que atacou ao menos sete prédios de luxo em um mês em Higienópolis, área nobre de São Paulo, tem planejado as suas ações, indicam investigações da Polícia Civil.

A estratégia envolve a análise do local, o monitoramento de comparsas enquanto o invasor age e a rota de fuga com o auxílio de carros que dão cobertura à ação, de acordo com o inquérito. Com base em vídeos de câmeras de segurança dos prédios invadidos e dados do WhatsApp dos suspeitos, os investigadores detalharam a forma de agir da quadrilha.

Nas imagens anexadas à investigação, os suspeitos tiram selfies e encaminham as imagens aos comparsas, como forma de confirmar o êxito da ação e de ostentar. A Polícia Civil já cumpriu um mandado de busca e apreensão no dia 5 deste mês e identificou três suspeitos. Agora, apura se o grupo usou os valores obtidos com os bens furtados para comprar um carro avaliado em mais de R$ 100 mil.

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Imagem: Arte/UOL

Eles se vestem como jovens judeus, como se fossem moradores. Depois de entrarem nos apartamentos, mandam selfies por WhatsApp com joias das vítimas para os comparsas que monitoram a ação. Sempre há um carro dando cobertura após as invasões aos prédios para as fugas.
Gabriel Sabino Corrêa, delegado do 4º DP

Para a Polícia Civil, as ações ainda podem contar com o auxílio de pessoas com acesso aos prédios. E envolvem, ainda, uma análise detalhada dos alvos dos ataques.

Quadrilha furtou joias e peças em ouro em ataques a prédios de luxo em Higienópolis, área nobre de São Paulo Imagem: Obtido pelo UOL

'Pareciam conhecer a estrutura do prédio'

Após invadir apartamento em Higienópolis, em SP, jovem faz selfie em elevador exibindo dinheiro e anel Imagem: Obtido pelo UOL

Os investigadores acreditam que os membros da quadrilha estudaram a rotina de um prédio invadido na madrugada de 2 de novembro na Rua Maranhão, já que um apartamento havia sido alugado uma semana antes do ataque.

Dois integrantes do grupo se identificaram na portaria como os novos moradores. Eles estavam com peruca, talit e quipá, o xale e a pequena touca usada por judeus. A vestimenta é o disfarce do bando, já que o bairro tem forte presença judaica. A dupla acionou o elevador, mas acabou acessando as escadas pelos fundos.

Eles pareciam conhecer a estrutura do prédio.
Severino Barbosa da Silva, zelador do prédio

Quatro membros da "gangue dos judeus" agridem porteiro para fugir de prédio em Higienópolis Imagem: Reprodução

A ação não deu certo. Eles tentaram arrombar a porta de um dos apartamentos, mas desistiram após o barulho acordar um morador, que acionou a portaria. Menos de 15 minutos depois, as imagens das câmeras de segurança registraram a fuga.

Eles chegaram a ser barrados, mas conseguiram escapar graças ao auxílio de outros dois comparsas, que invadiram o prédio e agrediram o porteiro. A gangue dos falsos judeus conseguiu fugir com o auxílio de outros dois carros, que davam cobertura à ação.

Após invadir apartamento, criminoso exibe joias em selfie enviada a comparsas pelo WhatsApp Imagem: Obtido pelo UOL

Plano de fuga

A Polícia Civil tem monitorado a atuação do grupo com base em câmeras de vigilância. Após a invasão aos prédios, os investigadores identificaram pessoas do lado externo monitorando a movimentação para verificar uma eventual presença de policiais ou imprevistos.

Eles se vestem de uma forma que não desperte suspeitas, como se fizessem parte daquele ambiente. E, com o auxílio de carros e comparsas, traçam uma rota de fuga para escapar.
Guaracy Mingardi, analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Há comparsas parados na rua, enquanto outros estão dentro de veículos para garantir a fuga rápida do local, caso seja necessário, indica o inquérito.

Suspeito de integrar a "gangue dos falsos judeus" aproveitou distração de moradora para invadir prédio em Higienópolis Imagem: Reprodução

Em um dos ataques, ocorrido na tarde de 27 de outubro em um prédio nas imediações do Shopping Higienópolis, o invasor escapou minutos após a vítima retornar ao prédio. As imagens das câmeras de segurança registraram o assaltante com uma mochila nas costas. Em boletim de ocorrência, o morador que teve o seu apartamento invadido registrou prejuízo de cerca de R$ 30 mil, incluindo joias e dinheiro vivo.

Com base em uma análise do vídeo, é possível verificar a movimentação de um comparsa em frente ao prédio, observando a movimentação. Ele sai do local em logo em seguida, o invasor pula o portão para fugir.

Os investigadores acreditam que o comparsa informou ao invasor sobre o retorno da vítima ao prédio, possibilitando a fuga. E garantindo, mais uma vez, que a gangue dos falsos judeus tenha escapado de mais um ataque com um plano que envolve observação, monitoramento e uso do disfarce perfeito para invadir prédios em uma área nobre de São Paulo.

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