Segurança pública precisa ser assunto de civis, defende sociólogo
Em meio a denúncias de violência de policiais militares em São Paulo, a segurança pública também precisa ser assunto de civis, afirmou o sociólogo Paulo César Ramos, coordenador da Afro-Cebrap, no UOL News, do Canal UOL, nesta terça-feira (3).
O que nós devemos esperar? A segurança pública precisa ser urgentemente assunto de civis. A institucionalidade dos debates de segurança pública precisa ser apropriada. Paulo César Ramos, autor do livro Gramática negra contra a violência de Estado
Dois casos ganharam repercussão apenas nas últimas 48 horas: no domingo (1º), Gabriel Renan da Silva Soares, sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, foi morto por um policial militar que estava de folga em frente ao mercado Oxxo, no Jardim Prudência, zona sul da capital paulista. No mesmo dia, outro agente foi gravado em vídeo arremessando um homem de uma ponte em uma abordagem, em Diadema, na Grande São Paulo. Neste caso, a vítima sobreviveu.
Não é apenas a contagem de corpos, é também o encarceramento, que tem o mesmo efeito deletério e dissuasivo do texto social, que seria uma morte que uma operação policial possui. O encarceramento em massa, o alto número de homicídios e a letalidade policial em São Paulo, que é uma das mais altas do Brasil e do mundo.
A polícia [de São Paulo] submete as pessoas que tratam como periféricos, pobres e negros, como em cidadãos de terceira classe de segunda categoria.
Ela é a política que está comandando hoje, infelizmente, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do São Paulo. O policial está informando o jovem negro, periférico e pobre de que ele é inferior e de que existe uma hierarquização. Paulo César Ramos
Durante o UOL News, o sociólogo também abordou o racismo policial que teria aumentado.
É possível dizer que o racismo policial aumentou justamente porque a polícia, como ela se está estruturada hoje no estado de São Paulo, ela é um produto racializador de razão. Cada abordagem policial é um ritual de racialização.
Ou seja, de produção de hierarquias raciais. Sempre existe um tipo de abuso por parte dos policiais de brutalidade. O policial está informando o jovem negro, periférico e pobre de que ele é inferior e de que existe uma hierarquização. Paulo César Ramos
Secretário repreende casos de violência
Os crimes que acabaram na morte de homem negro e com homem sendo jogado de ponte foram chamados de "condutas antiprofissionais" pelo secretário. "Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro", afirmou Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo, em publicação na rede social X nesta terça (3).
Derrite também mencionou "severa punição" ao falar que encaminhou PMs envolvidos em ação para trabalho administrativo. Em vídeo publicado nas redes, ele afirmou que os PMs envolvidos em um caso de um homem arremessado de uma ponte em Carapicuíba vão cumprir expediente na corregedoria até o fim das investigações.
Determinei o afastamento imediato dos policiais envolvidos nessa cena lamentável. A missão da Polícia Militar difere em muito desse tipo de atitude. Eles passam a cumprir expediente na Corregedoria da PM até que os fatos sejam apurados. pic.twitter.com/BkxeUXM3tR
-- Guilherme Derrite (@DerriteSP) December 3, 2024
Mortes em ações policiais aumenta
A PM matou 474 pessoas durante ações policiais no estado de São Paulo de janeiro a setembro deste ano. Os dados foram contabilizados pela própria Secretaria de Segurança.
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Quero receberA maioria dos alvos (64%) é formada por pessoas negras (255 pardos e 51 pretos). Ainda há 143 vítimas identificadas como brancas, enquanto as outras 25 pessoas não tiveram a cor da pele registrada.
O levantamento feito pelo UOL mostra ainda que 99% das vítimas são homens, como o estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta. A capital paulista lidera a lista de mortos com 122 casos, seguida de Santos, com 36, e São Vicente, 29.
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