Derrite chama casos de violência policial de antiprofissionais e exalta PM

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, ressaltou "anos de legado" da Polícia Militar ao repreender casos de violência recentes cometidos pela instituição no estado.

O que aconteceu

Crimes que acabaram na morte de homem negro e com homem sendo jogado de ponte foram chamados de "condutas antiprofissionais" pelo secretário. "Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro", disse, em publicação na rede social X nesta terça.

Derrite também mencionou "severa punição" ao falar que encaminhou PMs envolvidos em ação para trabalho administrativo. Em vídeo publicado nas redes, ele afirmou que os PMs envolvidos em um caso de um homem arremessado de uma ponte em Carapicuíba vão cumprir expediente na corregedoria até o fim das investigações.

Fala ocorre após casos sequenciais de violência policial no estado. Em um deles, um PM foi gravado jogando um homem de uma ponte em uma abordagem na madrugada da segunda-feira (2). No outro, um homem de 26 anos que furtava foi morto com um tiro nas costas em uma loja no Jardim Prudência.

Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição.
Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo, em publicação nas redes sociais

Secretário já disse que morte de criança foi usada para 'politicagem'

'Vitimismo barato'. Em novembro, o secretário disse que as mortes de uma criança e um adolescente durante ação policial foram usadas como "vitimismo barato" pela codeputada Paula Nunes (PSOL), da Bancada Feminista.

Lamento que uma deputada estadual faça um vitimismo barato na Assembleia Legislativa, usando a morte de um menino de 4 anos para fazer politicagem. Não vou falar sobre a ocorrência, quem tem que falar sobre a ocorrência é o inquérito da Polícia Militar que foi instauradoGuilherme Derrite, secretário da Segurança Pública de São Paulo

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O secretário disse que a morte da criança está sendo usada para politicagem. Em outro trecho da fala, Derrite diz lamentar a morte da criança e acusa a codeputada de usar o tema como "palanque político".

Para Derrite, policiais não são culpados pelas mortes. "Lamento profundamente a morte da criança que não tem culpa nenhuma (...) os policiais também não, eles estavam se defendendo de um ataque".

Críticas do Ministério Público

O Ministério Público de São Paulo classificou os casos como "estarrecedores" e "inadmissíveis", em nota publicada na manhã desta terça-feira (3). A nota é assinada pelo procurador-geral de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira Costa.

Estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis! Não há outra forma de classificar as imagens do momento no qual um policial militar atira um homem do alto de uma ponte, nesta segunda-feira. Pelo registro divulgado pela imprensa, fica evidente que o suspeito já estava dominado pelos agentes de segurança, que tinham o dever funcional de conduzi-lo, intacto, a um distrito policial para que a ocorrência fosse lavrada. Somente dentro dos limites da lei se faz segurança pública, nunca fora deles.
Ministério Público, em nota

Citando "episódios recorrentes", o procurador afirma que essas intervenções policiais estão "longe" de tranquilizar a população. "Esta Procuradoria-Geral de Justiça determinará que o Gaesp (Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública) associe-se ao promotor natural do caso para que o MPSP envide todos os esforços no sentido de punir exemplarmente, ao fim da persecução penal, os responsáveis por uma intervenção policial que está muito longe de tranquilizar a população. Pelo contrário. Os episódios recorrentes de descumprimento dos comandos legais por parte de alguns agentes públicos nos deixam mais longe da tão almejada paz social, em favor da qual o Ministério Público, dentro de sua atribuição de exercer o controle externo da atividade policial, continuará atuando de maneira inequívoca, cobrando das autoridades a observância dos preceitos da Constituição Federal".

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PM de SP já matou mais de 474 pessoas em 2024

A PM matou 474 pessoas durante ações policiais no estado de São Paulo de janeiro a setembro deste ano. Dados foram contabilizados pela própria Secretaria de Segurança.

A maioria dos alvos (64%) é formada por pessoas negras (255 pardos e 51 pretos). Ainda há 143 vítimas identificadas como brancas, enquanto as outras 25 pessoas não tiveram a cor da pele registrada.

O levantamento feito pelo UOL mostra ainda que 99% das vítimas são homens, como o estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta. A capital paulista lidera a lista de mortos com 122 casos, seguida de Santos, com 36, e São Vicente, 29.

Um adolescente morto a cada 9 dias

Sob o governo Tarcísio, as polícias Civil e Militar matam um adolescente a cada nove dias. Foram 69 menores de 18 anos mortos desde 2023.

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O estudo mostra que 68% dessas vítimas também são negras (58% de pardos e 10% de pretos). Os outros 32% são considerados brancos, segundo o levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz a pedido da reportagem.

A SSP-SP diz que as mortes em decorrência de intervenção policial "são resultado da reação de suspeitos à ação da polícia". "Todos os casos são rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das respectivas corregedorias, Ministério Público e Poder Judiciário".

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